Antes de tudo. Antes dos computadores, dos smartphones, do wi-fi e das redes sociais. Antes dos satélites, dos aviões, dos carros. Antes da revolução industrial, da revolução agrícola. Antes ainda das primeiras sociedades.
Viajemos atrás no tempo, antes de concebermos sequer a ideia de tempo, antes de conhecermos sol e lua, dia e noite. E antes do fogo. Que encontramos? A faísca. A centelha que os humanos utilizaram para dar corpo ao fogo. O primeiro flash, e por conseguinte a primeira inspiração.
De certa forma, “Scintilla” – o álbum – é o primeiro dos Catacombe.
Som renovado – redefinindo o post-rock com harmonias profundas e ritmos hipnóticos e imprevisíveis – há aqui calorosos rasgos de luz a cortar as paredes massivas de som. Há ecos de melodias suspensas, lado a lado com paisagens em rápida evolução. Há luz e obscuridade, em larga ressonância, a convidar-nos à auto-redefinição.
Surge talvez demasiado tempo após o último, “Quidam”, de 2014. Surge após crescimentos individuais e colectivos, após o trabalho, após o sono, após o riso e a lágrima. Surge quando os que o compõem não são os mesmos que há cinco anos, mesmo que o passado se sinta próximo. E surge, impreterivelmente, para nos ensinar uma valiosa lição: a de que não há escuridão que resista ao mais ténue dos brilhos, não há quarto que não se alumie com o mais fraco dos candeeiros.
Gravado e produzido por Daniel Valente, nos estúdios Caos Armado e no CCMP, misturado por Falk Andreas no Blank Room Studio, Berlin, e masterizado por James Plotkin (Isis, O.L.D., Khanate), “Scintilla” transporta-nos até àquele momento primordial em que o homem descobre o fogo, para que milhões de anos mais tarde uma banda possa descobrir o rumo, ou a maturidade.
A luz, ou o alvor. A estrela da manhã, a mesma que é dada aos que triunfam. E, escusado será dizê-lo, “Scintilla” – e os Catacombe – triunfaram
14 Junho – Understage Rivoli, Porto
15 Junho – Sabotage Rock Club, Lisboa
30 Junho – Südtirol Jazzfestival Alto Adige – Italia