É uma estreia absoluta e acontece este domingo, 3 de novembro, às 19h, na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré. Samuel Úria e duas dezenas de músicos ilhavenses juntam-se para interpretar “Uma Canção para a Europa”’, disco editado por Carlos do Carmo em 1976, bem como outras músicas lançadas no mesmo ano, de cantautores como Sérgio Godinho ou José Afonso.
O concerto está integrado na Milha – Festa da Música e dos Músicos de Ílhavo, festival que acontece desde 2017, e que decorre de 1 a 3 de novembro em Ílhavo e na Gafanha da Nazaré. Depois de interpretar Fausto Bordalo Dias, em 2023, sob a orientação dos Lavoisier, o projeto de comunidade da Orquestra do Mar regressa com alunos de escolas de música do município e músicos de várias idades e de diferentes experiências, inscritos na PRAIA, plataforma de registo de músicos ilhavenses, inserida no programa de apoio à produção local da Milha, que responderam à convocatória feita pelo 23 Milhas, projeto cultural do Município de Ílhavo.
“Uma Canção para a Europa”, que tem canções como “Estrela da tarde” ou “No teu poema” foi o disco escolhido desta edição da Orquestra do Mar por ser um álbum que marca a música feita depois do 25 de Abril, no ano em que se celebram os 50 anos da Revolução. Sobre o disco, Samuel Úria afirma que “é curioso que seja pouco conhecido, mas com canções muito conhecidas, que fazem parte do olimpo da música portuguesa, e outras injustiçadas pelo pouco sucesso que alcançaram” e assinala a possibilidade de “se celebrar a obra de Carlos do Carmo, cuja partida é recente”. Além de Carlos do Carmo, vão interpretar-se outras canções lançadas em 1976, cuja escolha Úria classifica como “pouco ortodoxa, já que dificilmente figurariam junto destas, mas que foram igualmente populares e importantes no Portugal dos anos 70”. Sobre os arranjos, o músico garante que algumas versões se aproximam daquela que é também a sonoridade da sua música, mas que na maior parte das canções “sobretudo nas mais conhecidas, os arranjos são tão sonantes que querer fugir deles seria um trabalho de desconstrução quase foleiro”. O concerto tem a direção musical do músico António Quintino, desafiado por Samuel Úria a “tirar o melhor de cada um neste processo em que as pessoas são todas muito diferentes, com vidas muito diversas e muito dispersas”.
Sobre a Orquestra do Mar, Samuel Úria elogia a “experiência de democratização de um palco e o contacto com um legado que tende a ficar perdido”. Já sobre o que virá depois dos 50 anos do 25 de Abril e sobre o seu próprio papel criador de canções, diz não haver “uma responsabilidade consciente, uma premeditação, mas a urgência da minha vida pessoal acaba sempre por verter na parte profissional” e afirma que “pelos piores motivos, há um fulgor de nova resistência que irá fazer com que o 25 de Abril seja invocado nos próximos anos”, embora admita não ter esperado que “o clamar da liberdade, neste momento, fosse não uma celebração, mas um pedido de socorro”.
A Samuel Úria juntam-se, este domingo, Andrés Perez, Gonçalo Costa, Sara Santos, Rodolfo Baptista, Carlos Lázaro, Bruno Neves, Diogo Costa, Diogo Sarabando, Rita Gomes, Larissa Goretkin, Luísa Monteiro, Maria Beirão, Samuel Silva, Ana Salvador, Filipa Breda, Tiago Salvador, Salomé Oliveira, Vitória Wilkens e Tomé Azevedo, que compõem a Orquestra do Mar este ano. Guilherme Gonçalves assume a técnica de som.
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