Portugal Fashion…. MODATEX abre apresentações de coleções

Foi ao inicio da tarde que vários alunos do Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil MODATEX apresentaram aos suas propostas no espaço Bloom do Portugal Fashion.

Ana Carvalho de Sousa, Cláudia Tavares, Daniela Antunes, Inês Bompastor, Inês Cesariny, Inês Oliveira, Joana Aranha, Lara Gorgulho e Maria Bouçanova apresentaram as suas propostas

Ana Carvalho de Sousa

Imersão entre o corpo e a emoção. A dança é a mais visceral forma de expressão e libertação. A fluidez e a elegância sobre a rigidez e o alternativo é, uma integração de imagens contrastantes, conjugadas nesta dualidade que une a mais pura essência do movimento. A conexão entre as luzes estroboscópicas e a energia do techno, concebe um hemisfério visual e sonoro e, exalta o erotismo, júbilo e transe. A técnica rigorosa, aliada aos movimentos delicados e intensos do ballet clássico/contemporâneo, cria uma composição harmoniosa e emocional.

Na coleção de vestuário masculino, Past Memories, é concebido um novo palco, fundido por estes dois conceitos de dança. A aclamação ao clássico é notória na desconstrução das linhas de vestuário, que projetam novas formas e detalhes. A coleção manifesta a expressão corporal em cortes nas peças que evidenciam a pele e, na plasticidade dos materiais com diferentes opacidades e texturas. O carácter alternativo está presente nas cores fortes alusivas às luzes e, nas formas e materiais referentes ao vestuário dos anos 90.

Past Memories recria dois mundos opostos, que se completam, no seu desequilíbrio perfeitamente equilibrado a momentos de implodir numa nova pista de dança, onde as peças de vestuárioestabelecem uma conexão com o corpo como se de uma extensão da música se tratasse.

 

Cláudia Tavares

We are full of scars …

Daniela Antunes

elogio do erro____andar, abraçar, dá nome a esta coleção e parte dos gestos- andar e abraçar, pertencentes ao léxico primordial da humanidade, para a sua conceção. Vinculada a uma construção poética que envolve a relação entre o corpo e o espaço, dá especial atenção ao tricot, visto neste campo como o entrelaçamento do fio que com as suas laçadas, caminha e se abraça a si mesmo fazendo surgir a forma das peças.

Trabalhadas em volumes exagerados, especialmente nas mangas abaloadas tricotadas em mohair, macio e aconchegante, enfatizam o gesto dos braços que se erguem em busca do ABRAÇO. Como metáfora ao verbo ANDAR, a coleção avança através da manipulação têxtil de fios, linhas e fitas que são vistos como percursos que unidos entre si, criam tecidos que voltam a agarrar os volumes trabalhados anteriormente. Dá-se ainda espaço a um processo que privilegia o Tentar outra vez.

Falhar outra vez. Falhar melhor (Beckett), afastando-se dos métodos convencionais industriais de conceção de peças de vestuário.

Inês Bompastor

João”, é o nome de um grande ser humano, chefe salva-vidas e pescador – o avô da Inês. Dá nome a esta coleção que vem da infância, das raízes, da sua origem.

Procura homenagear o homem mais importante da vida de Inês Bompastor, não esquecendo todos os homens que foram levados pelo mar das Caxinas, tal como, todos os homens e mulheres que em terra, sempre unidos, digerem a dor da perda de quem vai, mantendo-se fortes e ágeis para derrubar o que o mar ás vezes lhes tira. Sendo uma coleção feminina agarra a imagem das mulheres das Caxinas- mulheres fortes e cheias de garra, o escudo protetor dos seus homens. Preto, cor de luto é a cor chave da coleção. A essa, somam-se as cores primárias com aspeto desgasto. Os Materiais utilizados, impermeáveis e termocolados são estampados localizados ou all-over.

Inês Cesariny

Esta coleção tem como inspiração a arte medieval de entretenimento que são as touradas. Aproveita-se da roupa bonita mas desgastada pelos toureiros que é a espinha dorsal mostrada junto dos touros numa tentativa de lutar pela sua vida e mistura-a com as formas e os volumes criados pelo Capote do Toreiro.

O objetivo desta coleção é fazer com que as pessoas falem sobre este assunto, para causar uma reação, é a maneira da marca para tentar fazer um impacto através da roupa.

 Inês Oliveira

“I want to make people feel (UN)confortable“.

Joana Aranha

O mais bonito que uma família pode deixar é o seu legado e este é eterno. Vai se repetindo, fluindo como ondas ao longo de gerações. Assim como estas descendem umas das outras, em cada coordenado desta coleção também assim acontece.

Lara Gorgulho

Digital_Bloom.exe é uma reflecção da influência que os meus pais – jovens nos anos 60 – tiveram na minha estética, e da cultura que me foi transmitida ao longo da minha infância. O cinema de ficção científica, a arte moderna e a era espacial são assim, a essência desta fantasia.

Na solidificação da identidade enquanto adulta, temas como o Anime, a Tecnologia, o Cyberpunk, Internet art levaram-me à procura de uma feminilidade que foi explorada através das matérias primas e paleta de cores. As linhas entre o real e o virtual estão cada vez mais ténues, e o boom tecnológico que encaramos levou-me a desenhar peças de uma forma mais fantasiosa, com silhuetas que redesenham o corpo e subvertem clássicos como o blazer. As silhuetas são limpas mas com formas orgânicas e curvilíneas, elevadas por matérias primas de qualidade. Inspirada pelo Glitch e Datamoshing, foquei-me na exploração de materiais e cores que se destacassem digitalmente num ecrã. As matérias primas e as técnicas como o bordado e o matelassé remetem para ruído digital mas também para formas orgânicas de superfícies interplanetárias e interiores de naves espaciais.

À medida que a estética digital ganha terreno, reinterpretei os florais através do bordado, os quais misturei com prints onde o pixel tem destaque, assim como outras referências como painéis de partidas e chegadas de aeroporto. Digital_Bloom.exe reflete assim, a sua visão do womenswear e como ele interage com o progresso tecnológico de hoje. 

Maria Bouçanova

Self Portrait, coleção Pre-Fall masculina, de caracter clássico com influências na alfaiataria oferece uma visão do cérebro em si.Para esta coleção, a obra Self Reflected de Greg Dunn e Brian Edwards serviu para elucidar a natureza da consciência humana unindo o misterioso cérebro e o comportamento microscópico dos neurónios.
Desta forma Self Portrait oferece uma visão sobre o enorme alcance das coreografias neurais, projetadas para refletir o que estão correndo na nossa mente. Self Portrait foi criada para nos lembrar que a maquina mais maravilhosa do universo está no centro do nosso ser e é a raiz da humanidade.

 

Fotografias: Paulo Homem de Melo

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