O rock híbrido dos Primal Scream envolveu o Hard Club

Muito antes do Manchester difundir o Madchester em meados dos anos 80, Bobby Gillespie dava nas vistas com as suas sonoridades híbridas entre o rock e o new age que vingava por todo o Reino Unido no inicio dos anos 80.

Mais duro que os projectos que surgiam nas ilhas britânicas, os escoceses rapidamente marcaram a sua diferença ao criar um rock que se podia ouvir em tudo lado, desde a pista de dança até as caves sombrias de uma Glasgow, a cidade obscura da Escócia por excelência, em plena época de convulsões.

 

Com uma carreira longa e com sucessos nas várias linhagens musical que os anos 80 desenvolveram, os Primal Scream regressaram a Portugal numa quarta feira a lembrar o ambiente escocês, até pela presença de alguns britânicos no Hard Club.

Uma sala receptiva por um público adulto e exigente, que não esquece sucessos como “Rocks”, o estado mais puro do rock da banda, e que apenas surgiu no final, bem como as passagens pelo disco “Screamadelica“ com a vertente mais alucinante da dance Music, sobretudo em “Loaded

 

Mas os Primal Scream são uma enciclopédia musical e rapidamente passamos do psicadelismo acentuados com riffs de guitarra inconstantes para sonoridades mais ébrias de folk como em “Kill all Hippies”, passando pelo desanconchego pop de “100% Or Nothing” do disco de 2016 “Chaosmosis

Em palco Bobby Gillespie não passou despercebido, quer pelo seu visual agarrado à ideologia de “Screamadelica“, quer pela sua energia ao longo do concerto, agarrando o público desde o início do mesmo. Só mesmo Simone Butler no baixo, para desviar a atenção do público, apenas por breves momentos, de Bobby Gillespie.

Existem chavões que se podiam usar para definir a banda em palco mas é preferível colocar as expressões feitas de lado e agarrar a música e a envolvência da banda de Glasgow em temas como “Higher than The Sun”.

Mas seria sempre o rock como “Velocity girl” ou “Dolls” a marcar este regresso. Uma retrospectiva de quase 40 anos de carreira revistos da melhor forma numa sala intimista com um público que não foi ao engano e que provavelmente depois de “Rock”, a fechar o encore, estava disposto a continuar a ouvir e a entranhar o rock híbrido dos Primal Scream.

 

A primeira parte foi da responsabilidade da banda do Porto Fugly, que revisitaram o seu disco de 2018 “Millennial Shit

 

Alinhamento:

Don’t Fight It, Feel It

Swastika Eyes

Miss Lucifer

Can’t Go Back

Kowalski

Kill All Hippies

 (I’m Gonna) Cry Myself Blind

Higher Than the Sun

Velocity Girl

Dolls (Sweet Rock and Roll)

Burning Wheel

100% or Nothing

Loaded

Movin’ On Up

Country Girl

Jailbird

Come Together

Rocks

 

Reportagem e fotografias: Paulo Homem de Melo

 

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