Até dezembro, o Teatro Viriato recebe os músicos Tristany e Maria Reis ao abrigo do Ciclo de Música Galeria Zé dos Bois (ZDB), que surge de uma parceria que apoia a criação musical nacional.
Tristany apresenta em Viseu, no dia 2 de outubro, o seu álbum de estreia “Meia Riba Kalxa”, considerado um dos grandes discos nacionais dos últimos anos. Disco comunitário, abre o rap a uma panorâmica em que cabem a hipnose do r&b, o nervo do rock, a herança africana e a kizomba, cascatas de sintetizador espectrais e uma imaginação prodigiosa feita de memórias, conjeturas e refutações.
Rapper, músico, artista visual e relator atento e consciente das realidades sociais e quotidianas das periferias de Lisboa, Tristany sonda o percurso da Linha de Sintra até Lisboa para aí recolher peças para construir um mosaico que espelha a vivência, o trabalho, os anseios e as aspirações de toda uma comunidade ainda demasiado arredada dos epicentros de decisão, a clamar por um lugar.
O músico participa ainda na conversa Boca Livre, no dia 2 de outubro, às 17h00, com o produtor musical Sérgio Hydalgo, na qual conversam sobre o processo de escrita de “Meia Riba Kalxa”, enquanto um trabalho de cooperativa e comunidade. “Boca Livre” é um espaço de conversas regulares com os artistas que ocupam o palco do Teatro Viriato sobre as obras que estão a desenvolver ou temas prementes da atualidade com os quais as suas obras se relacionam.
De 29 de setembro a 2 de outubro, no espaço “Meia Dose” no Forum Viseu, haverá também transmissão de “Rádio Leveza”, um programa radiofónico de Sérgio Hydalgo. O episódio, que estará em transmissão, entre as 12h30 e as 14h30, centra-se numa conversa com o músico Tristany. O “Meia Dose” é um espaço no Forum Viseu, entre o fitness e o supermercado, onde o Teatro Viriato apresenta propostas culturais relacionadas com a programação regular. Tem como objectivo dar a conhecer ao público outras perspetivas da programação a quem passa e usufrui deste espaço comercial.
No final de novembro, no dia 27, é a vez de Maria Reis apresentar em Viseu o resultado da sua residência artística no Teatro Viriato com cordofones da região da Beira Alta e Minho. Voz essencial no bonito mosaico de canções que se tem vindo a compor em Portugal ao longo dos últimos anos, e após anos de militância ao lado da sua irmã Júlia nos Pega Monstro, Maria Reis deu este ano um passo seguro e importantíssimo na sua afirmação com a edição de “A Flor de Urtiga”. Um disco imaculado assente num lirismo tão real quanto alusivo, entregue a melodias que perduram entre a doçura e aquela amargura que torna tudo mais tangível e vivido, produzido por Noah Lennox (Panda Bear, Animal Collective).
O Ciclo de Música Galeria Zé dos Bois surgiu como forma de “apostar na criação e em residências de músicos nacionais”. Um apoio que se materializa no “acolhimento e circulação de artistas musicais pelo país. “Queremos manter a luz acesa num ano que apresenta demasiados desafios para todos. Queremos estar do lado da classe artística sem rede, que tantas vezes nos segura à tona em tantos momentos difíceis, só com o poder da sua voz ou do seu instrumento. Quem nunca foi salvo por um concerto?”, explica Patrícia Portela, directora artística do Teatro Viriato.
Para Sérgio Hydalgo, “numa altura de grande fragilidade do tecido cultural nacional, a colaboração entre estruturas é fundamental”. “A programação da Galeria ZDB procura ser plural, transversal, inclusiva e desafiadora. Esta parceria possibilita desafiar criadores, oferecendo-lhes condições de produção e apresentação de excelência”, afirma o programador.
