A temporada cultural em Guimarães inicia-se no jardim do CCVF na presença de artistas de variadas origens e estilos, sempre com uma forte presença autoral nacional e internacional, convidando todos os públicos a afluir ao relvado para momentos de pura fruição.
A noite de sexta-feira, 6 de setembro, conjuga duas propostas que nos farão viajar por um universo algo exótico e sonhador. O encantautor brasileiro Momo – admirado por Patti Smith e David Byrne, com Camané como outro dos seus fãs confessos e com o qual gravou o tema Alfama – tem um novo álbum pronto a lançar com repertório autoral composto por dez canções gravadas em três idiomas. Gravado em Los Angeles (EUA), este seu mais recente trabalho conta com a produção musical de Tom Biller, que tem no currículo artistas como Elliott Smith, Fiona Apple, Sean Lennon, Karen O, Warpaint e Kanye West, entre outros. E vai partilhá-lo no relvado do Manta (21h30) antes de uma longa caminhada pelos palcos nacionais e internacionais.
22h30 é a hora reservada para a entrada em cena da superbanda de Bruno Pernadas, um dos mais inspirados e interessantes compositores pop portugueses, numa combinação perfeita para uma noite de verão. Músico multi-instrumentista, para além de produtor, Pernadas lançou-se desde cedo à guitarra, ao piano, ao baixo, sintetizadores e bateria, entre outros instrumentos que o levaram a participar ativamente em variados projetos e a apresentar-se em festivais de música na Europa, América do Sul e Japão. Bruno Pernadas lançou até ao momento três álbuns em nome próprio: “How can we be joyful in a world full of knowledge” (2014), “Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them” (2016) e “Worst Summer Ever” (2016), percorrendo vários estilos musicais como jazz, pop, folk, música do mundo e eletrónica.
O dia seguinte começa mais cedo, aproveitando o sol da tarde no arborizado jardim. Às 15h30 de sábado, 7 de setembro, Bruno Pernadas regressa ao palco com nova atuação, desta vez em concerto especial para os mais novos, uma proposta acrescentada na edição anterior do Manta e reforçada este ano. No repertório estão temas que fazem parte do imaginário de miúdos e graúdos, que conhecemos dos filmes de animação e dos desenhos animados, como “A Pantera Cor-de-Rosa”, “Os Simpsons”, “Dartacão e os Três Moscãoteiros”, “Os Piratas da Terra do Nunca”, entre muitos outros.
Da tarde, saltamos para o primeiro concerto da noite (21h30) com Serushio, acompanhado em palco pelos seus habituais cúmplices e as suas melhores canções. Com duas participações no Westway LAB em formatos diferentes (Residências Artísticas e City Showcases), bem como atuações no Vodafone Paredes de Coura e além-fronteiras no Canadá (CMW2014), França, Espanha e Holanda (Eurosonic – ESNS 2018), Sérgio Silva encabeça Serushio, conhecidos pelas suas entusiasmantes performances ao vivo e criatividade instrumental, desenhando um som que navega pelo blues tradicional e melódico e pelo rock’n’roll. A variedade instrumental é uma das imagens de marca deste multi-instrumentista, compositor e produtor. Com quatro discos editados, os Serushio desembrulham em Guimarães o recém-lançado trabalho “Open Range”, álbum que os eleva a um novo e vasto leque sonoro, sem perder a sua verdadeira identidade.
Holly Miranda, aclamada artista internacional convidada para fechar o Manta, em versão mais intimista, surge em palco às 22h30. A cantautora nascida em Detroit, em 1982, iniciou a sua carreira em 2001. O carisma e talento de Miranda cedo despontaram, tendo começado a tocar piano com apenas seis anos de idade. Pegou na guitarra na adolescência, período em que se muda para Nova Iorque à procura de viver o sonho da música acompanhada pelas suas próprias canções. Num percurso construído essencialmente a solo, há a registar a sua passagem pela banda The Jealous Girlfriends, que integrou até 2008. Da sua discografia contam-se cinco álbuns. Além dos discos a solo e com a referida banda, Holly já colaborou com Scarlett Johansson e tocou com artistas tão reputados como Florence And The Machine, Karen O, Lou Reed, The XX ou Lesley Gore. Miranda, muitas vezes comparada a Feist e Cat Power, esgotou o Hard Club no final de 2018 e seguramente trará essa mesma força ao relvado do jardim do CCVF através do seu mais recente álbum “Mutual Horse” (2018), momento em que poderemos ouvir a sua voz celestial, ao vivo, no Manta. Assim se pratica este ritual urbano de eleição, no final de verão: no regressar à cidade, encontrar a comunidade no inspirador jardim do CCVF, estender a Manta e sentir o poder da música.