A nova criação de Amélia Bentes está na Biblioteca de Marvila, em Lisboa, a 8 e 9 de Outubro, às 21h00.
“VASTO” assinala a meia centena de criações em nome próprio de Amélia Bentes e traz a palco dois bailarinos e um sonoplasta que fazendo a sonoridade da performance em tempo real intensifica sua dramaturgia. Em “VASTO” a criadora representa, numa coreografia tão matemática quanto orgânica, o efémero e o perene dos afetos, afetos que, através dos corpos, se sustentam num caos organizado. Coloca-se em palco a geometria dos afetos.
Com esta composição coreográfica Amélia Bentes explora a mistura do movimento orgânico com a matemática, algo que tem vindo a aprofundar nos últimos anos.
Criam-se lógicas, repetições que levam o movimento à exaustão num tempo específico e determinado, dando estrutura ao que é livre, solto, visceral sem que esse objeto perca a sua essência. Há dois elementos fundamentais como resultado deste processo: a poesia da imagem e a energia que dela transparece e que se pode manifestar pela dinâmica ou mesmo pela velocidade e complexidade da composição. O espaço é usado para relacionar e jogar com a própria geometria das relações. Conseguir aliar a composição dos movimentos marcados com uma composição de jogos improvisados é um dos objetivos.
A ideia de fragmento é muito explorada na composição de Amélia Bentes, em geral, e é uma constante nesta peça. É, como afirma a própria, “ter a linha da vida e retirar-lhe partes, cheia de fases. Sem nunca pensar no início da peça nem no fim, elas aparecem espontaneamente, estes pedaços acabam por ser contentores de inícios”.
Photo: Joaquim Leal
