Nós, a Revolução… a obra de Márta Mészáros e Miklós Jancsó em destaque no Porto/Post/Doc

Nós, a Revolução é o título de um programa temático dedicado à obra dos cineastas húngaros Márta Mészáros e Miklós Jancsó que integrará a programação do Porto/Post/Doc deste ano. A ter lugar entre os dias 16 e 26 de novembro no Porto, o festival selecionou seis filmes que pretendem traçar um olhar sobre uma obra que resistiu ao tempo e que, vista no momento presente, parece ainda mais atual.

Seis filmes unidos pela ideia de revolução, que servem de contraponto a um certo conservadorismo reinante na cultura europeia contemporânea e que prenunciam o recuo simbolizado pelos acontecimentos políticos que, entretanto, eclodiram no centro da Europa.

 

Na poesia visual que os caracteriza e nas questões que cada um dos filmes levanta, Márta Mészáros e Miklós Jancsó propõem uma reflexão sobre os conceitos de liberdade individual e de liberdade de um povo, sobre a legitimidade (e a legitimação) da ocupação de um país e sobre a emancipação feminina, tudo debates que voltam a estar na ordem do dia, em pleno século XXI. Fazem-no com uma honestidade intelectual e um uso dos recursos da linguagem cinematográfica que aplica o virtuosismo à potência das emoções e ao pensamento histórico e político: Márta Mészáros com os seus planos aproximados de rostos e o recurso intimista do preto e branco; Miklós Jancsó com os planos sequência que se tornaram na sua marca autoral, tendo ficado inscritos na história do cinema.

 

Neste ciclo, que abraça a força paradoxal das ideias de revolução, fala-se das várias revoluções em que a Hungria se viu envolvida desde o fim do século XIX, até as revoluções mais pessoais (do feminismo à luta pela liberdade e respeito pela identidade dum país), de que os filmes de Márta Mészáros são um exemplo.

Um programa que pretende lançar uma nova luz sobre a obra de dois autores que, apesar da relevância do seu trabalho, são ainda vultos nevoentos do cinema europeu e em grande medida desconhecidos do grande público.

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