No ano em que se comemora o centenário do nascimento de Carlos Paredes, Norberto Lobo e Ben Chasny (Six Organs of Admittance) juntam-se para celebrar a obra do guitarrista e compositor português, ícone da cultura nacional e admirado além-fronteiras. Longe de quererem interpretar ou reinterpretar o cancioneiro do mestre da guitarra portuguesa,
Norberto e Ben vão cruzar a tradição nacional com o experimentalismo contemporâneo, refletindo sobre influência de Paredes em diferentes gerações e geografias.
Em 2025, esta digressão, que irá percorrer o país e resulta de uma encomenda conjunta de várias salas, passará pela Culturgest (Lisboa, 13 fev), gnration (Braga, 14 fev), Auditório de Espinho (Espinho, 15 fev) Convento São Francisco (Coimbra, 16 fev), Teatro das Figuras (Faro, 18 fev) e festival Tremor (São Miguel, Açores, em abril), onde vão estar em residência artística no início de 2025.
O nome de Carlos Paredes é quase sinónimo da guitarra portuguesa. Considerado o maior génio deste instrumento, a sua música ficou cravada na cultura portuguesa. Amália Rodrigues chegou a descrevê-lo como “um monumento nacional à semelhança do Mosteiro dos Jerónimos”. Carlos Paredes nasceu em Coimbra, a 16 de fevereiro de 1925, no seio de uma família de guitarristas — o pai, Artur Paredes, o avô, Gonçalo Paredes, e o bisavô, António Paredes, dedicavam-se à guitarra portuguesa —; lançou discos marcantes na fonoteca portuguesa e canções, como Canção Verdes Anos ou Valsa, que se tornaram hinos do país. Na sua carreira acompanhou vários nomes, do jazz à música de intervenção e ao fado, como o contrabaixista norte-americano Charlie Haden, com quem gravou um disco, ou Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo.
Ben Chasny, mentor do aclamado projeto Six Organs of Admittance, descobriu Paredes numa visita a Portugal e é o responsável por introduzir toda uma geração internacional à sua música. “Não consigo falar de Paredes sem me sentar direito na cadeira. As melodias tocam-te, é lindo”, descreveu Ben. Esta admiração levou-o a dedicar-lhe Lisboa, a canção que encerra o disco “School of the Flower” (2005) e ainda a arquitetar a reedição internacional dos Guitarra Portuguesa (1967) e Movimento Perpétuo (1971) pela conceituada editora norte-americana Drag City, em 2011. Guitarrista de Comets on Fire e Rangda, é sob o manto de Six Organs of Admittance que Ben tem vindo a construir uma longa e prolífica discografia com mais de trinta títulos editados. Ao longo de quase trinta nos de carreira, o norte-americano tornou-se uma figura chave da música experimental.
Mais do que um grande admirador, Norberto Lobo foi já descrito como tendo um pouco de Paredes em si. O seu disco de estreia, Mudar de Bina (2007) é dedicado ao eterno da guitarra portuguesa, numa clara alusão à canção Mudar de Vida. “Adoro-o, é o meu herói, a minha referência total e esta música é das que mais me toca”, revelava Lobo aquando este lançamento. Desde o trabalho de estreia, o guitarrista português tornou-se numa das figuras mais singulares e acarinhadas da música nacional. Cruzando a tradição portuguesa com a improvisação e uma sensibilidade jazz única, Norberto está constantemente à procura de novos sons e novas abordagens às seis cordas da guitarra. Lançou mais de uma mão cheia de discos em nome próprio, como Pata Lenta (2009), Mel Azul (2012), Fornalha (2014), Muxama (2016), e Estrela (2018). Conta com colaborações com João Lobo, Giovanni Di Comenico ou Bruno Pernadas e formou as bandas Montanhas Azuis e Fumo Ninja. Um músico que nunca teve medo de experimentar e reinventar, sendo um dos mais respeitados guitarristas portugueses.
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