NERVE… A primeira vez do ‘Sacana Nervoso’ no Sabotage Club

Na passada sexta-feira à noite, dia 6 de Março, o Sabotage Club estava absolutamente cheio além de filas à porta. O responsável por esta excitação era o Tiago Gonçalves, mais conhecido por Nerve.

O Club de Rock n”Roll, mais famoso da capital, referência por ter palco para sempre apoiar o circuito de música independente nacional e internacional convidou este fenómeno de culto – Nerve – fora do género que ali impera. O poeta rapper português é também produtor e ilustrador mas acima de tudo é um letrista inconfundível. Criou um estilo refinado que arrasta fiéis conhecedores das letras, de fio a pavio, e se identificam com a visão e humor negro sobre a sociedade, a Industria musical, as relações e se deleitam no seu hábil malabarismo linguístico.

 

Sobre as 23 horas, o produtor Il Brutto já ligava os motores para percorrer as pistas produzidas por ele e assim aquecer o ambiente, tal prefácio para o esperado concerto de Nerve. Todos de pé, ombro com ombro, a respirar o mesmo dióxido de carbono e a sentir o mesmo entusiasmo. Queriamos ouvir o Auto-Sabotagem no Sabotage Club… bela coincidência hã?

 

23h45, o rapper maldito aparece pelo lado direito do palco pedindo licença entre o público comprimido e ansioso.

Queimar Pontes” lançada em 2014 foi o primeiro pontapé na porta. O Nerve estava com sede de público, sem tempo para saudações, agarrou-se logo ao microfone. O público agradeceu, a sede era mútua. Todos compareceram para assistir à sua missa negra, um alinhamento com tracks desde os lançamentos mais antigos “Água do Bongo“(2014), “Trabalho e Conhaque ou A vida Não Presta e Ninguém Merece a Tua Confiança“(2015) e o mais recente “Auto-Sabotagem“(2018), isto se excluirmos o “Tríptico” lançado faz duas semanas também com Il Brutto.

 

“Escrevo como se não tivesse pais para desiludir”

“Estou a tentar ser mais claro como o MJ”

Há mais, esperem… Tilt estava presente para apresentar a “Eliminação” com o Nerve – material fresco apesar do beat ser uma remistura do tema “Meditação Profunda” com Maze.

 

Mergulha no “Auto Sabotagem” sem piedade a morder, tal piranha, com o “Monstro Social”

Depois “Funeral” após cubos de gelo terem sido passados pelo público para evitar que algum cérebro fosse derreter ou algum mau génio se encendiar devido ao calor de morrer que estava no local, tal congregação voluntária no Inferno.

Ingrato“, a participação na track de Stereossauro esteve presente mesmo sem os mesmos tal como a “Funeral” teve a ausência de Mike El Nite.

 

O Nerve deixou cair o véu para um novo projecto que está a ser cozinhado com o Tilt, chamar-se-á “Escalpe“.

O público continuou a cantar as sofisticadas letras como quem sabe a missa toda. Tudo no tempo certo, tudo com amor pelo Nerve e raiva na mensagem.

 

“Eu sou o opium em pessoa”

“Pela morte serás exemplo, eles que façam de ti um mártir”

“Eu vejo além das tretas”

“Ela já não acredita em mim. Estou a ficar transparente”

 

O Cinturão negro do Hip Hop tuga, arrasou o séquito de fãs quando, estrategicamente, serviu os últimos pratos: “Nós e Laços” e “Chibo“. Não podíamos ter tido sobremesa melhor – ácida.

 

Reportagem e fotografias: Magda Costa

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