MARé cruz a os sons do Mundo na Póvoa de Varzim

A primeira MARé pretende apresentar num só dia, 8 de Dezembro, e num só espaço diversas propostas vindas de várias regiões da Europa, tendo a música de raiz como base criativa. A programação arranca no período da tarde, pelas 16h30, e segue noite dentro até perto das 02h00.

 

O certame arranca com a atuação de Canções Dificeis Fáceis de Saber, onde Laura Rui, Catarina Valadas e Sónia Sobral exploram o lado lúdico das palavras e abordam a escrita criativa numa perspetiva didática, despertando a atenção para a riqueza da língua portuguesa. Para além das vozes, o trio feminino apresenta-se com acordeão, flauta e ukulele, num registo musical entre o erudito e o circense, sem dispensar a componente teatral e cénica.

 

Às 16h30, para crianças, jovens, famílias. Música para ouvir e aprender. A abrir o espaço do café concerto, pelas 18h30, estão quatro músicos do Porto, Palankalama, um projeto de música instrumental que pode ser ouvido como a banda sonora de um documentário sobre um tempo ucrónico e um território geográfico imaginário habitado por homens com poderes telepáticos, dedicada à preservação da memória de toda a música do mundo, desde o jazz, música klezmer, música popular portuguesa, ao folk, rock, entre outros.

 

O terceiro nome a completar o cartaz, com atuação marcada para as 21h30, é Uxía, uma das maiores embaixadoras da música e poesia galegas. Com mais de 30 anos de carreira, a artista renovou a música tradicional galega, combinando alalás (a forma de música tradicional galega mais antiga e característica) com moma, fado e ritmos brasileiros. Desde a sua estreia com “Foliada de Marzo” em 1986, Uxía publicou 13 discos, pelos quais recebeu importantes reconhecimentos, entre os quais o prémio aRi(t)mar da Embaixada da amizade galego-lusófona em 2019, o prémio da Cultura Galega 2017 ou o prémio de Melhor Álbum em galego nos Prémios de La Música Independiente de Espanha em 2018. Uxia é uma das grandes impulsionadoras das relações musicais e culturais entre a Língua Portuguesa e as suas raízes no Galego. É que, para a cantora, “Ser embaixadora galego-lusófona não é estratégico, sai-me do coração”. Depois da sua passagem pelas Correntes d’ Escritas, em fevereiro deste ano, Uxia volta à Póvoa de Varzim.

 

Diretamente de Itália para a sala de ensaios do Cine-Teatro Garrett, às 22h40, chega Maria Mazzotta, uma das vozes mais importantes da cena musical da região italiana de Apúlia. A artista move-se naturalmente entre os sons épicos do Sul do país e as influências da música dos Balcãs. Entre 2000 e 2015, a artista italiana fez parte do Canzoniere Grecanico Salentino, a banda com quem gravou seis álbuns e a acompanhou nos mais importantes festivais internacionais de world music. Fez, também, parte da orquestra Notte della Taranta e trabalhou com a companhia de dança Miguel Angel Berna.

 

A fechar as atuações na Sala Principal estão Meszecsinka (na foto), um projeto proveniente da Hungria e da Bulgária. “Small moon”, assim é a tradução do nome, cantam em sete línguas – húngaro, russo, búlgaro, finlandês, inglês, árabe e castelhano – e transportam os ouvintes para um espaço místico, onde o folk húngaro e búlgaro andam de mãos dadas com o flamenco e funky, o oriental e o experimental. Contam com 3 discos e este ano comemoram o 10º aniversário com visitas a vários países como Rússia, Cazaquistão, Alemanha, França, entre outros. O espetáculo está agendado para as 23h40.

 

A despedida fica a cargo dos brasileiros Samba sem Fronteiras, uma roda de samba nascida entre um grupo de amigos brasileiros, residentes em Portugal, que procuravam manter viva a música que nasceu para celebrar a vida e reinventar a alegria. Nos últimos seis anos percorreram Portugal de norte a sul e em 2018 lançaram o primeiro disco de originais. É com o mote de soltar a voz, deixar o corpo entrar no ritmo e celebrar a cultura brasileira que preenchem o palco do café concerto para aquela que será a última atuação do festival, às 00h45

 

Photo: Michal Ramus

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