Julie Byrne… A ZDB no Teatro da Trindade

“Hoje uma das condições para viver um bocadinho melhor é parar a velocidade que nos empurra constantemente para saber escutar, ler, ver, sentir e pensar” refere José Gil e Julie Byrne confirma. Byrne faz-nos parar. Como faz Lhasa de Sela. Como faz Grouper. Faz-nos parar no meio da turbulência fustigada pela pós-modernidade. Paramos para escutar canções radiosas, e apesar da jovialidade, Julie Byrne, uma hábil compositora nómada, revela maturidade harmoniosa. Nos últimos anos atravessou Pittsburgh, Pennsylvania, Northampton, Massachusetts, Chicago, Illinois, Seattle, New Orleans e fixou-se por fim na sua terra natal, em Buffalo, Nova Iorque, uma jornada que culmina com o seu segundo disco, “Not Even Happiness” (Basin Rock, 2017).

 

Sigam a minha voz” (“Follow My Voice”) pede Julie Byrne na primeira faixa do álbum. Nós seguimos a sua voz luminosa, que aquece e ecoa de forma soberana sobre violas da folk mais extemporânea. Elevam-se dedilhados amenos, pasmam-se os violinos de Dan Bridgwood-Hill e acendem-se as teclas mitigadas de Taryn Blake Miller. Nada tem de citadino, pouco tem de robusto. Passeia-se frágil e intocável, cruza cenários bucólicos. O disco integra-se através de paisagens, leva-nos numa viagem à intimidade de Byrne, que não se inibe de partilhar os lugares por onde vai passando – o amanhecer do céu no Colorado (“Natural Blue”) ou quando testemunhou a costa noroeste do Pacífico (“Melting Grid”).

I Live Now As A Singer” partilha Byrne, no final de “Not Even Happiness” e não disfarça a vulnerabilidade, transportando-a na noite de 15 de Junho até ao Teatro Trindade para depois reparti-la connosco, numa estreia absoluta em Portugal.

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