José Camilo volta em força com novo disco e single debaixo do braço

Piruetas de Glória” é o primeiro single retirado do novo trabalho de José Camilo, “Subterrâneo”, que tem data de lançamento prevista para dia 25 de outubro com o selo Flor Caveira.
Subterrâneo” é terceiro longa-duração de José Camilo e é um regresso a um rock mais musculado depois do EP “Sem rei nem Rock“.
José Camilo é considerado por muitos como a nova promessa da Florcaveira, editora responsável pelo nascimento de bandas como Diabo na Cruz, D’alva, Bfachada ou Samuel Úria.

“Lembrar tanto o rock pisgado dos Rádio Macau como o ronco letrado dos Mão Morta pode ser bênção ou maldição. Bênção será para quem não faça o rock refém de letras ágeis e subtis, óptimas para digestão fácil.

Maldição será, certamente, para quem se assuste com palavras que fazem questão de ser elas a montar o ritmo rápido da batida, e não o contrário. Há até quem chame José Camilo um punkautor.

A música de José Camilo é feita sob muita pressão. O que sai cá para fora é a custo, contra tudo e contra todos. Nada é harmonioso ou agradável.

 

Os discos de José Camilo são fundamentalmente o registo sonoro continuado das suas insistências, teimosias e, nos seus melhores momentos, pragas rogadas aos ouvintes (como esquecer “Cala-te e Sangra”?).

É a partir deste tom agreste que nos fulmina agora com “Subterrâneo”, um disco devotado à nobre e esquecida arte de confiar mais nos desastres do que nas delícias. Afinal, cantará “Mãe, consigo sentir os anos a fugirem-me das mãos”. E mais.

“Não há alternativa à história já antes vivida”, rappa em “Não Há Alternativa”, segunda faixa após a speedada entrada com “Piruetas de Glória”, como se fosse um Carlão com um segredo que o impede das boas disposições dos Da Weasel, aqui bem evocados. “Quem não pode, não promete; quem nunca soube, não esquece”, acrescenta à terceira canção (“Até Tenho Amigos Que São”),num queixume incessante que nos recorda que o bom rock português que tivemos na década de oitenta sabia que a melhor cena era aquela em que alguém desmancha prazeres.

 

Em “O Rio”, anuncia que “Agora que gelas o rio o barco não pode passar”, e de esperanças vãs o disco fica definitivamente vacinado – quando ainda há outra metade de apocalipse sonoro para anunciar!

Num cenário que nos soa familiar, junto às margens das águas, talvez não seja exagerado confessar que, com tantas caravelas em regressos gloriosos à pátria, já nos fazia falta um álbum novo de um genuíno velho do Restelo. José Camilo é homem para isso.” – Tiago Guillul

Partilha