Jazz no Parque cumpre 30 anos de existência

No ano em que o Jazz no Parque cumpre 30 de existência, o programa em oferta, desenhado por Rui Eduardo Paes, junta músicos portugueses que foram reconhecidos além-fronteiras e músicos europeus que têm tido um importante envolvimento na cena nacional, de que são exemplos, respetivamente, João Lobo e Giovanni Di Domenico.

De comum, têm os artistas convidados para esta edição, outro fator: os seus percursos têm-nos levado a outros públicos que não apenas os do jazz, como são os casos de Rita Maria e Filipe Raposo na sua revisitação do barroco, e do grupo de Pedro Sousa, este incluindo figuras que se notabilizaram nas áreas da música eletrónica (Simão Simões, Bruno Silva) e do rock (Miguel Abras).

Serralves dá palco, nesta edição de aniversário, a artistas para quem a colaboração sem linhas de fronteira (as territoriais e as de género musical) tem sido uma constante, na perspetiva de contribuir para que assim continue a ser no futuro.

São 30 anos de história que se projetam noutros tantos da música que virá. De 3 a 17 de Julho, no Ténis do Parque de Serralves

Programação:

3 de Julho | 18h00

Rita Maria / Filipe Raposo “The Art of Song: When Baroque Meets Jazz” (Portugal)

O duo de voz e piano não é incomum no jazz, mas o projeto que une a cantora Rita Maria e o pianista Filipe Raposo na ideia de explorar a “arte da canção” começou logo, quando em 2020 editaram o álbum “The Art of Song Vol. 1: When Baroque Meets Jazz”, por fazer desse propósito uma abordagem pouco convencional. Não propriamente nova, pois outras incursões do género tiveram lugar na história do jazz, mas revelando que esta ainda proporciona bastantes possibilidades de trabalho: o equacionamento de duas músicas de tempos e geografias diferentes, o jazz e a música antiga, naquilo que têm de paralelo, a improvisação. Se no ano passado, devido à pandemia, a dupla não pôde levar a sua interpretação desse encontro para os palcos, aqui os temos finalmente a fazê-lo, para regalo dos nossos ouvidos.

 

10 de Julho | 18h00

Pedro Sousa “Má Estrela”(Portugal)

Um dos nomes de referência do jazz criativo e da música livremente improvisada do nosso país, com ecos em outras paragens do mundo, Pedro Sousa tem um passado na música  eletroacústica que este seu projecto em estreia, encomendado pelo Jazz no Parque, reflete de alguma maneira. Sobretudo o seu gosto pelo dub, um subgénero derivado do reggae que se caracteriza pela manipulação de material previamente gravado, no caso de “Má Estrela” enquadrado por uma abordagem especificamente jazzística. No grupo que o acompanha encontramos os músicos nacionais com quem o saxofonista mais tem partilhado experiências ao longo dos anos, a começar por Gabriel Ferrandini, seu parceiro no duo PeterGabriel e em outras, muitas, aventuras sonoras.

 

17 de Julho | 18h00

Going (Itália / Bélgica / Portugal / França)

Um de vários grupos em que encontramos o italiano Giovanni Di Domenico e o português João Lobo, o quarteto Going dá corpo, num formato invulgar de dois teclistas e dois bateristas, a um projecto que se inspira na música de transe do Norte de África e do Médio Oriente e nela incorpora as influências do krautrock de uns Can, do minimalismo de Steve Reich e das “sheets of sound” de John Coltrane, com o propósito assumido de suspender o tempo nas armadilhadas perceções de quem ouve. Algo que os próprios intervenientes apresentam como uma «viagem pelo sistema estelar das urbes contemporâneas», em polirritmias que devem tanto à música eletrónica exploratória quanto à sonoridade retro que o Fender Rhodes dá ao jazz 50 anos depois da gravação, por Miles Davis, de “Bitches Brew”.

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