HYSTERIA… um ciclo de residências para ver a criação de perto

Arranca em Março o primeiro momento de contacto da Hysteria. A ter lugar entre 3 a 6 de Março, no ACE Teatro do Bolhão, o encontro promoverá o diálogo entre os trabalhos que Ana Deus e Heloise Tunstall-Behrens. De um lado, a abordagem singular de uma voz que marca a história da música nacional dos últimos 20 anos, do outro a exploração dos potencialidades da música coral, enquanto mimetização de problemáticas entre a relação do indivíduo e das estruturas colectivas que o rodeiam.

A encerrar o ciclo de trabalho, a dupla de artistas realizará uma sessão aberta ao público, onde apresentará o resultado do ciclo de trabalho. O formato desta sessão, dedicada à partilha com o público, será definido por ambas no decurso da residência.

Estruturada em quatro tempo, a Hysteria irá ainda colocar em contexto de trabalho comum, Marlene Ribeiro e Valentina Magaletti (Maio), Natalie Sharp e Marta Ângela (Julho); e Adriana Sá e Anna Homler (Outubro). Tendo por base a ideia de que a criação cultural se enriquece pela troca de conhecimentos e o cruzamento de ideias, o projecto pretende criar um espaço de discussão entre as artistas envolvidas, num primeiro plano, e entre estas e o público. Para tal todos os momentos de contacto serão acompanhados e habitados por um grupo de artistas e curiosos que, através da candidatura, mostraram a vontade de contribuir e observar o processo de criação. Os participantes terão, assim, a oportunidade de ver de perto os detalhes com que as artistas em residência moldam o objecto final e de compreenderem as estratégias utilizadas para estabelecerem um diálogo criativo.

A par da criação de um espaço de contacto entre o criador e o público, a Hysteria propõe um olhar sobre a produção e criação feminina no universo musical de hoje, em quatro eixos fundamentais, da interpretação à criação.

Dentro da abordagem mais convencional em que a voz é utilizada para, harmónica ou dissonantemente, articular palavras encontramos no trabalho de Ana Deus um controlo e conhecimento absolutos sobre como cada órgão deste instrumento orgânico deverá ser manipulado para fazer vibrar o conteúdo lírico. Atenta ao que cada letra precisa, compõe a estrutura de cada história a partir das alterações que com a voz consegue produzir e da variação da respiração sobre cada palavra dos poemas que usa enquanto matéria prima.

Heloise Tunstall-Behrens faz uso da assemblagem vocal composta em coros para explorar temáticas associadas à coexistência de organismos individuais em estruturas colectivas. Em projectos como “The Swarm” um coro composto apenas por vozes de mulheres reproduz o som de uma colmeia de abelhas em confronto com um ambiente urbano. Música coral, voz e movimento fundem-se na intenção de aumentar a consciência sobre o estado de ameaça à extinção das abelhas e da sua importância num ambiente urbano.

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