Guimarães Jazz regressa em novembro

Na sua 33ª edição, o Guimarães Jazz vê-se, à imagem da própria música que representa, inevitavelmente confrontado com a circunstância do seu próprio peso histórico e com as vantagens e desvantagens que esse lastro representa quando são equacionadas novas estratégias de programação.

A abertura da 33ª edição do Guimarães Jazz, a 7 de novembro, será protagonizada pelo quarteto liderado pelo poderoso trompetista Ambrose Akinmusire – de regresso a Guimarães oito anos depois de uma atuação memorável neste palco –, o qual se apresentará acompanhado pelo Mivos String Quartet, bem como por quarteto composto por uma produtora de música de dança, um vocalista e um baterista, num formato heterodoxo e praticamente inédito que suscita grandes expetativas.   

Na primeira sexta-feira do festival, dia 8, será a vez de subir ao palco um quarteto inédito coliderado pela vocalista Sara Serpa e pelo guitarrista André Matos (ambos músicos portugueses com uma carreira no circuito jazzístico norte-americano que prestigia o jazz português), os quais surgirão acompanhados por um colaborador habitual (o experiente baterista Jeff Ballard) e por Craig Taborn, um dos grandes pianistas de jazz contemporâneos que valerá certamente a pena reencontrar.  

Sábado, 9 de novembro, está prevista uma programação dupla: durante a tarde, será possível ouvir o grupo de percussão português Drumming – um ensemble excecional de músicos que tem desenvolvido ao longo das últimas duas décadas uma obra de interpretação de reportório erudito e de fusão do mesmo com o jazz, que neste concerto se apresentará em colaboração com o pianista Daniel Bernardes numa revistação e homenagem ao compositor György Ligeti, reconhecidamente um dos mais influentes do século XX; à noite, no palco principal do festival, apresentar-se-á o primeiro dos projetos puramente orquestrais desta edição: a compositora e arranjadora Maria Schneider, um dos nomes maiores do jazz orquestral da atualidade, regressa a Guimarães para uma revisitação retrospetiva da sua obra dirigindo a Clasijazz – uma orquestra andaluz criada recentemente e formada por um naipe de músicos competentes da cena jazzística espanhola.  

A segunda semana abrirá a 14 de novembro com aquela que é, pela dimensão colossal da sua obra e percurso musical, sem dúvida a grande figura de cartaz do Guimarães Jazz 2024 – o trompetista Wadada Leo Smith, um músico fundamental dos últimos cinquenta anos que, em Guimarães, se apresentará em quinteto para um concerto que se antecipa histórico. No dia seguinte, o público assistirá à atuação do trio liderado por John Escreet, um pianista portentoso e imprevisível cuja evolução e amplitude criativa justifica a sua atuação pela primeira vez em nome próprio neste palco, naquele que poderá ser um dos momentos altos do festival. A acompanhar o pianista estará uma secção rítmica composta por Eric Revis e Damion Reid, o mesmo alinhamento do trio que gravou recentemente o álbum “Seismic Shift”, de 2022, o qual será previsivelmente o centro da atuação desta formação no festival. 

A parceria entre o Guimarães Jazz e a Orquestra de Guimarães terá este ano honras de encerramento e merece também um destaque acrescido, não apenas pelo compositor que a irá conduzir e liderar – o macedónio Dzijan Emin, um músico ainda pouco conhecido mas com um percurso invulgar e extremamente original que irá previsivelmente surpreender o público com a sua fusão criativa de jazz e música tradicional dos Balcãs, uma das mais populares do reportório europeu de tradição folclórica, e que se apresentará acompanhado de oito músicos também da Macedónia –, mas também pela evolução extremamente positiva desta orquestra local, provando assim a pertinência das parcerias assumidas pelo festival com organizações e coletivos fora da sua órbita.   

Esta secção colaborativa do Guimarães Jazz completar-se-á com as já tradicionais colaborações com a Orquestra da ESMAE – este ano dirigida pelo quinteto do jovem pianista Tommaso Perazzo que, em 2023, junto com o baterista Marcelo Cardillo, o qual também fará parte deste grupo, causou fortíssima impressão em Guimarães acompanhando o contrabaixista Buster Williams, quinteto esse que será também responsável, como sempre acontece, pelas oficinas de jazz e pelas jam sessions. 

A Porta-Jazz propõe o projeto multimédia “Fissuras”, protagonizado por uma formação liderada pelo saxofonista cubano Hery Paz e complementado por uma componente de vídeo da responsabilidade da artista Maria Mónica; a Sonoscopia apresentará uma formação mais alinhada com o fenómeno jazzístico do que em edições anteriores – representado este ano pelo trio liderado pelo trompetista português Luís Vicente e com a participação especial de Camilla Nebbia, uma saxofonista argentina emergente do jazz europeu contemporâneo; e, finalmente, o João Rocha Quartet, que conquistou os prémios de Melhor Ensemble e Melhor Arranjo da edição de 2024 do concurso de jazz da Universidade de Aveiro, e o qual terá a curiosidade adicional de ser desta vez protagonizado por jovens músicos que já atuaram no Guimarães Jazz integrados na Orquestra da ESMAE. 

🖋 redação / press release

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