Gilberto Gil, o rapaz maduro calejado pela idade, Nando Reis é o menino impetuoso e viril. Gal Costa, a moça. Gil compôs a canção “Trinca de Ases” pensando nessas ‘imagens-fantasia’. “Trinca de Ases” é a música inédita de Gil, que batizou o trio, são assim “Três mosqueteiros, três patetas, três poetas da canção”, como descritos no verso da mesma, juntaram-se não só para celebrar a história de cada um, como também para cantarem os novos temas que nasceram deste feliz encontro, estream-se em Portugal com dois concertos inéditos com um repertório de músicas inéditas e sucessos, 9 de Março no Campo Pequeno e 11 de Março Coliseu Porto.
O projecto musical nasceu como uma homenagem ao centenário de Ulysses Guimarães (um dos principais opositores à ditadura militar brasileira), idealizada pelo jornalista brasileiro Jorge Bastos Moreno, e nasceu apenas com as vozes do trio e dos seus violões. Deste feliz encontro nasce um espetáculo intimista que ganhou uma nova cara. Houve um identificação musical e uma química que funcionou entre os três artistas. Depois de se estrear-se em São Paulo e Rio de Janeiro em agosto de 2017, foram várias as cidades por onde passou.
O diálogo dos violões de Gil e Nando, e a voz de Gal criam uma união, para além de estarem os três a tempo inteiro no palco, e em todas as formações vocais possíveis (trios, duetos e solos), contam apenas com o reforço de dois grandes músicos: o baixista pernambucano Magno Brito e o percussionista baiano Kainan do Jêjê.
Este é um espectáculo de fascínio mútuo e empatia e a comunicação entre artistas é notória, onde Gal reconhece a descendência (“Nando é nosso filho”, brinca). Com Gil, o “pai”, Gal tem uma longa lista de parcerias: o espectáculo “Nós, por exemplo” (1964); o álbum-manifesto “Tropicália ou Panis et circensis” (1968); a turnê dos Doces Bárbaros (1976); o espectáculo em Londres (gravado em 1971, mas editado em disco só em 2014). Nando é o “menino impetuoso” (cuja voz de Gal traçou os contornos da sua música) o elemento novo nesta equação que chega como catalisador, um impulsionador para outros caminhos – este é um espetáculo com a direção musical do trio e assessoria artística de Marcus Preto, que dirigiu Gal em “Estratosférica”.
“Trinca de ases” ganha não só quando lança as antigas e infalíveis canções dos repertórios dos 3 craques da música popular, como também, a base são as obras sólidas de Gil e Nando, revividas com as tramas dos violões dos artistas. A audácia de três mosqueteiros, a leveza de três patetas, e a grandeza de três poetas…