“gás porumdia… Nikolai Nekh Exhibition” na Balcony gallery Lisboa

A galeria Balcony inaugura no dia 22 de Março, pelas 22h, a quarta-feira exposição do seu programa, uma individual do artista Nikolai Nekh.

A exposição gás porumdia estará patente durante um mês na galeria, no entanto, para fazer jus ao título, haverá uma peça que irá aparecer apenas durante a noite de inauguração.

O saber é uma coisa obscura. A imagem de um recipiente que contém o cosmos é o nosso universo que começa, como quem recolhe víveres, matéria, experiências. A narrativa do tempo vai acumulando histórias imaginadas, observadas, projectadas, omitidas.

Uma ideia de precariedade da história. A extrema fragilidade do universo contido num recipiente, nas páginas que lemos, nas bibliotecas, nos museus, nas escolas, nas memórias que construímos. A ideia indefinida de história, o futuro na expectativa projectada e que faz parte desse mesmo tempo da possibilidade de qualquer coisa – o tempo que pode ser, a história por fazer.

Se focássemos a dimensão cósmica das histórias particulares que se entrecruzam, confundem e transfiguram até criar constelações, não deixaríamos de reparar na intensidade visível de cada representação. Cada corpo cósmico precisaria da nossa atenção para que, partilhada com outros, pudéssemos começar a desenhar, reproduzir, mostrar e narrar a sua história.

O anúncio do universo como pano de fundo da imagem: entre a leveza e a combustão, o que narramos é também imagem pela palavra; símbolos e sons que formam outras imagens, histórias a aguardar uma interpretação visual. A possibilidade da visualização contém, como o recipiente, uma unidade lógica de sentido — é real o que é necessário, não necessariamente o que existe. Uma misteriosa pulsão de reconciliação com a realidade age permanentemente sobre nós. Olhamos e às vezes descobrimos.

Sandra Vieira Jürgens

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