Festival Sou Quarteira… À conversa com Miguel Jacinto

O Movimento Sou Quarteira arranca já esta semana com a exposição já disponível nas ruas de Quarteira, com as fotografias de Mike Ghost dos heróis eleitos. Na quarta-feira (14 de agosto) será emitido o documentário Sou 365 dias, que vai mostrar os talentos de Quarteira espalhados pelo mundo.

 

No dia 16 de agosto (sexta-feira), as portas do recinto abrem às 18h, com actuações de Allen Halloween, Branko, M.D.A & Maskarilha, Mayra Andrade, Mina & Bryte, Mishlawi, Plutónio, Dj Big, Dj Kwan. No dia seguinte (sábado, 17 de Agosto), o palco do Sou Quarteira recebe Eva Rap Diva, Jimmy P, Kojey Radical, Mundo Segundo & Sam The Kid, PEDRO, Perigo Público & Sickonce, Sacik Brow & Fragas, Dj Adamm, e Progressivu.

A Glam Magazine esteve à conversa com Miguel Jacinto, quarteirense de gema e um dos impulsionadores do Movimento Sou Quarteira sobre o Festival que se avizinha

 

 

Glam: Miguel Jacinto é um quarteirense de gema e um dos impulsionadores do Movimento Sou Quarteira. Como e quando surge este grito de afirmação ou de revolta?

O Sou Quarteira nasce da nossa vontade de afirmar a real identidade de Quarteira para além de destino balnear e de se criar uma plataforma cultural, social para as futuras gerações da cidade. Mas uma mudança destas exige um verdadeiro sentido de urgência e foi isso que criamos com o nosso movimento. Sem a adesão da nossa gente, de um grupo amplo de pessoas qualquer esforço de mudança tem maior probabilidade de falhar.

 

Glam: O Dino d’Santiago foi fundamental para o Movimento ganhar mais expressão?

Obviamente que o Dino é fundamental para a expressão do movimento. O seu mediatismo suscita a curiosidade da impressa e abre portas para que possamos levar esta nossa missão mais longe. Mas reduzir o Dino a um simples ‘frontman’ seria injusto, a sua importância vai muito alem de expressão ou mediatismo.

É o papel dos quatro membros da direção é de diariamente criar uma cultura organizacional, avançar com o plano de atividades, instalar valores, garantir resultados, incentivar e garantir o desempenho das equipas, instalar um ambiente propicio ao crescimento e a harmonia de todos… Muito mais que um ‘frontman’ o Dino é um dos líderes deste movimento.

 

Glam: Multi-cultural, é assim que se caracteriza atualmente a Quarteira. De que forma os quarteirenses se envolvem neste Movimento?

Multi-cultural, cosmopolita, urbana, contemporânea, irreverente… O sentido de cidadania é especial em Quarteira e a diversidade é tanta que é difícil classificar o que a caracteriza. Mas há um traço de caráter que é definitivamente transversal a maioria dos Quarteirenses – o sentido de pertença. Este é um povo que veste a camisola, que hasteia a bandeira!

Desde da criação do movimento em 2018 já colaboramos com mais de 100 locais. As colaborações são diversas, desde dos retratos de Quarteira, aos nossos Heróis dos anos 80 e 90, ao talento local que nos apoia na criação das diversas atividades do programa social e cultural que desenvolvemos.  

 

Glam: Em 2018 lançaram um desafio, Retratos de Quarteira, como afirmavam no facebook, “Longe do cliché da praia, do calçadão, das férias e do verão”, qual foi o alcance dessa aposta junto da comunidade?

Os Retratos de Quarteira foi a campanha que lançou o movimento Sou Quarteira. Uma ideia simples que celebra a diversidade e talento na cidade, revela histórias de sucesso e modelos a seguir para as futuras gerações e incendia o sentimento de pertença e sentido de comunidade dos locais.

Basta analisar os números, quantificar os níveis de participação, os diálogos criados e a onda de agradecimentos gerada para perceber que o seu impacto imediato foi incrível.

Mas, como tudo o que fazemos com o Sou Quarteira o impacto positivo e o valor criado a longo termo é cientificamente incalculável. Basta um retrato, uma história para influenciar 1, 2, 3 ou mais crianças a seguirem os seus sonhos. Basta uma criança, um sonho, um modelo a seguir juntamente a determinação certa para influenciarmos os Dinos, os Rui Coimbras, as Nashs ou os Mikes Ghosts do Futuro. E esse é o impacto social criado com este movimento, vai muito alem de likes, shares, comentários e não tem um valor calculável.

 

Glam: Ainda em 2018 apresentaram aquela que seria a edição 0 do Festival, que se manifestou um sucesso. Este ano trazem a primeira edição oficial do Festival. Quais as expectativas?

O ano passado com a edição 0, apresentamos o movimento, este ano vamos dar continuidade. A ideia é instalar Quarteira como novo destino de experiências culturais no Algarve e para chegar a esse objetivo temos que mudar a reputação, criar um novo modelo, inovar, surpreender.

O Festival é o highlight do movimento e o seu sucesso passa por uma experiência cultural forte na cidade. Queremos ‘casa cheia’, sem falhas operacionais e com surpresas para os visitantes. Mas sobretudo, queremos manter o que temos de especial e único. Quem vem ao Sou Quarteira, sente-se em casa. Com concertos de artistas que vão aos maiores festivais nacionais e internacionais, mas num ambiente familiar, descontraído e de proximidade. É como se Mayra, o Plutónio, ou o Kojey fossem tocar á tua casa!

 

Glam: Quarteira é uma localidade carregada de tradições que se perdem no tempo. Trazer a cultura urbana musical é uma forma da própria cidade se abrir ao mundo?

Quarteira sempre esteve aberta para o Mundo, são muitos os que chegam á cidade e muitos os que partem também. A música urbana sempre fez parte do nosso I.D. O Sou Quarteira vem simplesmente celebrar e colocar a cidade no mapa com a integridade merecida.

 

Glam: A envolvência do Dino, filho da terra, é mais que evidente, o cartaz é abrangente. De quem foi a palavra final deste alinhamento de luxo?

Foi o Dino que teve a responsabilidade de fechar o cartaz, mas curadoria foi feita pelos quatro membros fundadores. Foi um processo interessante, sobretudo faze-lo pela primeira vez.

O reflexo quando se quer garantir o sucesso do festival é procurar artistas com hype mas para nós o mais importante era ter um cartaz representativo da diversidade, da urbanidade e da fusão que se encontra na cidade Quarteira.

Privilegiamos então músicos que criam no cruzamento entre sonoridades desde o hip-hop, a sonoridades africanas, ao jazz e ao eletrónico. Procuramos o balanco certo entre artistas mainstreans como o Plutónio ou a Mayra Andrade e novas revelações como a Mina ou o Kojey. Celebramos a história dos movimentos urbanos nacionais com o Sam, o Mundo, o Branko, o Allen Halloween e elevamos o nosso talento local com o Sacik, Fragas, MDA e Perigo Publico.

 

Glam: Maurício, ou simplesmente PEDRO, consagrado produtor, foi o autor dos beats do vídeo de apresentação, mas as vozes, para além do Dino são de artistas da casa como Sacik Brow ou Perigo Público. Foi uma forma de envolver os próprios artistas na promoção do evento?  

Mais que um festival, Sou Quarteira é um movimento social e cultural para a cidade. Quem melhor que a voz dos nossos músicos, do nosso talento local para levar este o movimento ao mundo. O convite feito ao PEDRO para colaborar na produção do tema Dengue afirma a nossa vontade de se criar colaboração e diálogos criativos entre talento local e talento externo. Acreditamos que ao se criar essas pontes acabamos por abrir a possibilidade de se criar novos horizontes criativos. Até ao tema Dengue não se tinha ouvido o Sacik Brow, Fragas, Iniciado ou Perigo Publico a rimar num beat de Kuduro.

 

Glam: Estando agendado para o meio de agosto, coincidindo com o pico da época de férias, quais as expectativas em termos de afluência? Qual a capacidade do local que acolhe o festival?

Mais do que ás expectativas, o que temos sentido é uma verdadeira adrenalina por parte do público da cidade e dos que vêm de fora também, trazendo o nosso Festival como um dos seus pontos de passagem. Esperamos o recinto lotado nos 2 dias, entre 6/8000 mil. E contamos com a vossa presença também 🙂


Glam: Com uma grande afluência de publico a cidade ganha novas dinâmicas, apesar de ser no Verão espera-se uma mais valia para a economia de Quarteira durante o evento?

Desde o início do Movimento, que a economia da cidade, mais especificamente dos jovens que são chamados a prestar serviços tem alterado. Fazemos questão de incluir todas as infrasturas da cidade. Para o Festival, os restaurantes, hotéis, funcionários, organização será 100% Quarteirense. Porque para nós é fundamental deixar este espírito na cidade, de que somos realmente capazes de elevar a nossa cultura.

 

Glam: Voltando ao cartaz e para além dos Quarteirenses envolvidos, quais são os nomes que destacam?

Todos os nomes que estão no cartaz foram escolhidos com muito cuidado, todos eles são activadores culturais das suas “zonas”. Para além dos Quarteirenses M.D.A, Perigo Público, Sacik Brow e Fragas, temos a Mayra Andrade,Allen Halloween, Plutonio, Kojey Radical, Branko, Mundo Segundo & Samthekid, Jimmy P, Mishlawi, Eva Rap Diva, Mina & Bryte, PEDRO, Dj Maskarilha no Palco Principal e ainda no Palco Dj’s, Progressivu & Dj Adamm, Deejay Kwan & Deejay Big.

 

Glam: O Festival Sou Quarteira complementa-se com um conjunto de atividades extra festival, dos quais se destaca a Exposição Herois. Quem são esses Herois da Quarteira?

De Amílcar que foi treinador de futebol do Quarteirense, Carla que inspirou muitos jovens, mas como professora de História, a Hélder que fundou a associação de armadores e pescadores de Qiuarteira, Odília que vende os melhores cachorros-quentes da região… A exposição é transversal a qualquer cargo, etnia, crença religiosa e cor política, Heróis junta 15 personalidades de Quarteira que marcaram gerações de pessoas que hoje se encontram espalhadas pelo mundo, mas que nunca esqueceram de aqueles que lhes ensinaram o que era empatia, coragem, educação, seriedade e persistência.


Glam: A exposição é de autoria do fotografo Miguel (Mike) Correia mais um nome da terra, que curiosamente e juntamente com o irmão Poli Correia gravaram em 2016 um disco. Uma forma de reconhecimento do trabalho que Mike tem desenvolvido na região?

É realmente uma forma de mostrar o que os filhos de Quarteira têm feito nas mais diversas áreas. O Mike destaca-se como fotógrafo que enquadra perfeitamente o espírito de Quarteira, conhece as nossas gentes. A par do seu irmão Poli, têm levado o nome de Quarteira bem longe. Em tours internacionais com os projetos Sam Alone, Devil in Me ou Correia.

 

Glam: Por último, o Movimento e o Festival conta com o apoio da Camara Municipal de Loulé desde a primeira hora. Sem esse apoio seria possível abraçar este grandioso projecto?

Sem o apoio da CML seria praticamente impossível. Estiveram connosco desde a primeira instância. O presidente Vitor Aleixo abraçou-o desde o início e fez com que toda a sua equipa se motivasse para este sonho. Somos muito gratos por ter alguém que vista a camisola desta forma.

  

A Glam Magazine agradece a disponibilidade de Miguel Jacinto e da Arruada para a realização desta entrevista

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