Fake explora a distorção da informação no palco virtual do TNSJ

Com texto da dupla Inês Barahona e Miguel Fragata – fundadores da companhia Formiga Atómica –, Fake parte de uma das grandes questões atuais: o que é facto e o que é manipulação da informação, ou as chamadas fake news?

Construído no rescaldo de vários acontecimentos políticos, como as eleições de Trump e de Bolsonaro ou da votação pelo Brexit, o espetáculo explora o conceito da distorção da informação, lembrando também que o teatro é “um lugar que trabalha a mentira, mas que pode ser um lugar de verdade”. Depois de se ter estreado em outubro passado, no Centro Cultural do Cartaxo, Fake chega agora à sala virtual do Teatro Nacional São João (TNSJ) – em tnsj.bol.pt –, podendo ser visto on demand, até ao próximo sábado, dia 6 de março.

 

Norma B., uma escritora de romances policiais e autora do livro Como Assassinar o Seu Marido, é a personagem principal de Fake, tornando-se vítima do fenómeno da desinformação e usurpação dos factos, quando passa a ser acusada pelo crime que ficcionou. Contando com a interpretação de atrizes bem conhecidas do público, como Teresa Madruga, Márcia Breia, Isabel Abreu ou Sandra Faleiro, entre outras participações, o espetáculo apresenta também um forte diálogo com o cinema, com a colaboração do realizador Tiago Guedes. Esta proximidade com a sétima arte possibilitou a integração de um dispositivo cénico que permite, como se de um polígrafo se tratasse, fazer a análise do rosto das personagens e das suas expressões, explorando assim a sua capacidade de adulterar a verdade.

Essa dupla linguagem em palco, que remete inevitavelmente para os alicientes programas e séries de pessoas que são capazes de ler “a verdade” através da comunicação não verbal, potencia uma maior interatividade ao longo do espetáculo, desafiando o espectador a fazer a sua leitura.

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