Fado deu Noite Gloriosa ao Coliseu do Porto

O Coliseu do Porto, ontem, dia 4 de outubro, pelas 21:30, foi palco de uma grande noite de Fado.

Comemorava-se o Centenário de Amália Rodrigues e a FAR, Fundação Amália Rodrigues, convidou uma série de artistas para homenagear este ícone da nossa cultura, que nos deixou um legado único, riquíssimo, que nunca será esquecido.

Estas comemorações decorrerão ao longo desta semana. Nas palavras do professor Vicente Rodrigues, presidente da FAR, “ A cultura não é só passado, é também presente e futuro “.

 

O espetáculo teve início com uma Guitarrada, que deixou os espectadores extasiados, foi simplesmente sublime, a guitarra portuguesa, o seu som, toca-nos de uma forma tão profunda, é um lamento, um choro que saem daquelas cordas que arrepiam qualquer pessoa, ninguém ficou indiferente. Este momento foi fortemente ovacionado.

 

Seguiu-se um Medley, interpretado por jovens fadistas portuenses, dos quais destaco Rui Vaz, que fez a assistência vibrar com a interpretação do tema, Sangue Toureiro. Este Medley contou ainda com as vozes de Carla Cortez, Cátia de Oliveira, Francisco Moreira e Marcelo Soledad.

Entra em palco, Lúcia Moniz, que recita dois poemas escritos por Amália.

 

Segue-se um dos momentos altos da noite, Gonçalo Salgueiro, interpreta os temas, Entrega, Meia Noite e Uma Guitarra, April in Portugal e Povo que Lavas no Rio. O público delirou, foi simplesmente fabuloso, que voz, que à vontade em palco, cativou e fez toda a assistência cantar e acompanhar com palmas todos os temas interpretados.

Lúcia Moniz, volta ao palco para recitar mais dois temas de Amália .

 

Cuca Roseta, a única, interpreta os temas Malhoa; Lágrima, e os dois últimos, que eu destaco, Barco Negro e La Vie en Rose, foram dois momentos brilhantes, o público aplaudiu de pé. Cuca Roseta é Cuca Roseta, e já sabemos que é única e do que é capaz!

Mais dois temas de Amália , recitados de forma exemplar, por Lúcia Moniz.

 

É a vez de Peu Madureira interpretar os temas, Nome de Rua; Tendinha; Anda o Sol na Minha Rua e Vitti na Crozza, os espectadores vibram. Entra Joana Amendoeira para interpretar Abandono; Madrugada de Alfama; Lavava no Rio, Lavava e Canzone Per Te, mais um grande momento de Fado.

Lúcia Moniz, regressa, pela última vez, ao palco para recitar mais dois temas escritos por Amália.

 

Ricardo Ribeiro sobe ao palco e é logo aplaudido, interpreta os temas, Gaivota; Grito; Fado Primavera e por último, Peropompero, tema que leva ao delírio de todos aqueles que estão a assistir a esta grande noite de Fado. Ricardo Ribeiro tem uma voz que nós trespassa a alma, é impossível desviar o olhar deste fadista, enquanto canta, foi excecional.

 

O momento final é com katia Guerreiro, que interpreta, entre outros temas, Prece, Rosa Vermelha, Amor de Mel, Amor de Fel. Que grande momento em palco, foi o ponto alto da noite, ninguém ficou indiferente, foi um momento sem igual!

Apresenta os músicos que acompanharam todos os intérpretes, que são efusivamente aplaudidos, agradece a presença do público. Sai do palco debaixo de uma chuva de aplausos e como a assistência não desiste regressa para um último tema. É o delírio!

Este concerto de centenário de Amália Rodrigues foi um concerto que se caracterizou por um público diferente nas noites a que estamos habituados no Coliseu do Porto, uma faixa etária mais elevada, que apresentou-se com uma indumentária mais de festa, os saltos altos, as lantejoulas, os brilhos, as estolas em pelo, e os homens de fato completo.

Devo dizer que fiquei feliz por ver que não são só os mais jovens que sentem falta dos espetáculos ao vivo, todos sentem falta da cultura in praesenti.

O Fado não faz ninguém ficar indiferente, é cultura, é a nossa identidade, e a nossa Amália levou-nos com a sua voz a todas as partes do mundo. Todos os fadistas convidados interpretaram um tema numa língua, que não a nossa, porque Amália fazia sempre questão de o fazer quando se deslocava para realizar espetáculos fora do seu país.

Ninguém, em parte alguma do globo, fica indiferente ao choro de uma guitarra, porque isso é Fado, e o Fado é português,

 

Reportagem: Ana Cristina
Fotografias: Sérgio Pereira

 

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