Éticas do Cuidado… Festival bienal regressa a Coimbra em setembro

​O festival Linha de Fuga que tem como mote este ano as Éticas do Cuidado irá decorrer de 16 de setembro a 9 de outubro em vários espaços da cidade de Coimbra. O Linha de Fuga define-se como um Festival e Laboratório Internacional de Artes Performativas que assume em cada uma das suas edições bienais um tema central. No ano de 2020, em plena pandemia, o tema foi a Democracia. Este ano é as Éticas do Cuidado.

Retomando, rapidamente, a edição de 2020, Catarina Saraiva, diretora artística da Linha de Fuga, diz-nos que “com tudo o que aconteceu, o conceito de democracia esteve muito mais presente, todos nós tivemos consciência do que significa liberdade e do que podemos fazer para garantir essa mesma liberdade e participação cidadã”.

Para Catarina Saraiva, o mote deste ano as Éticas do Cuidado faz todo o sentido e foi algo pensado “na realidade, este é um conceito que nos surge desde a última edição. Construímos este laboratório e festival a partir do que sentimos que se torna importante desde a última edição. Precisamente por causa do cansaço, e porque focamos a nossa discussão sobre democracia, verificamos que uma das questões importantes para a construção da democracia é o cuidado, o cuidado com o comum, o ter em atenção às situações de vulnerabilidade que muitos vivemos. Esta questão chamou-nos a atenção e por isso decidimos que a próxima edição – esta – deveria ser sobre as éticas do cuidado. Esta edição é feita tendo em conta precisamente esta ideia holística de cuidado, o corpo, a mente, o corpo e a mente juntos precisam de cuidado. Assim, decidimos trabalhar sobre este conceito precisamente para chamar a atenção para a falta de cuidado que há no mundo”.

 

A diretora artística do festival, deixa contudo um aviso “é importante mencionar que o facto de colocarmos um tema em cima da mesa não quer dizer que tudo se desenvolva à volta desse tema. Provavelmente, muitas pessoas se vão perguntar o que algumas peças têm a ver com cuidado e éticas de cuidado mas, na realidade, colocar um tema em cima da mesa, e como tema do festival é uma desculpa para chamar a atenção sobre o tema. Isso já nos torna felizes”.

Questionada sobre a questão de o festival se situar na cidade de Coimbra e para que públicos está vocacionado, Catarina Saraiva afirma que “o festival e laboratório ainda é jovem, esta é a terceira edição… Para além de que não o fazemos todos os anos, trabalhamos com ritmos mais lentos, nomeadamente bienais. Antes de tudo, estamos a trabalhar para e com o território local. Coimbra não tem um evento como este que junta um laboratório de criação a um festival de artes performativas experimentais. Isto é, há várias iniciativas incríveis na cidade mas nada parecido com o Linha de Fuga. Creio mesmo que é uma iniciativa única no país. O foco, na realidade, é o de poder mostrar em Coimbra peças que pensamos que as pessoas de Coimbra deveriam ver, por um lado (o festival) e, por outro, de proporcionar à cidade o contato com processos de trabalho artísticos que requerem uma ligação com o território (o laboratório de 3 semanas por outro).”

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