“Estado de emergência musical” dos Band’It

Ninguém o esperava, mas ele chegou. Ninguém o convidou, mas ele entrou. E com a sua entrada muitos foram os que, tal como o estado, entraram num clima de emergência, os músicos infelizmente não foram exceção. Todos exclamavam “vai ficar tudo bem” com um sorriso incerto, todos aplaudimos das janelas, aqueles que combateram em primeira linha este inimigo desconhecido, invisível, mortal.

 

A música acompanha-nos para todo o lado, e está sempre connosco, omnipresente em todas as situações da nossa vida. E para os músicos foi e tem sido difícil, combater o cancelamento de espetáculos, o afastamento dos palcos, a saudade da energia que o público tão calorosamente transmite. Mas nunca cabisbaixo! Na música prevalece a criatividade, o sentimento, a emoção, e o que melhor senão tempos difíceis para pôr a prova daquilo que os músicos portugueses são feitos.

Para os Band’It, jovem banda setubalense, esta época ficou marcada com muitas estreias. Os Band’It estavam em êxtase, tinham ganho o segundo lugar do concurso de bandas amadoras de Palmela, estavam a atuar pela primeira vez em algumas Fnacs do país, prestes a lançar o seu primeiro videoclip, a planear saturar o mês seguinte de concertos a norte e sul do país, quando o vírus chegou e lhes alterou os planos. Destroçados, viram os seus concertos dissolvidos, cancelados sem datas remarcadas…

Mas não era altura para cruzar os braços, era sim altura de arregaçar as mangas para conseguir algo, diferente, mas algo de que se pudessem orgulhar. Começaram por lançar o seu vídeoclip, da música “Messin’ “do seu álbum, para fazerem a sua entrada naquele que estava a ser o seu estado de emergência musical. De seguida tiveram hipótese de participar numa rubrica do Gabinete da Juventude do Município de Setúbal, a “Vozes Inquietas” onde deram a conhecer a mais setubalenses quem eram, o que faziam, e a atitude que os permeia. Nesse mesmo dia souberam uma novidade, a sua música “Liberdade”, primeira música escrita na sua língua materna tinha sido selecionada no Open Call Tomei Liberdade, onde todos os artistas eram convidados a enviar o seu manifesto sobre a liberdade, e os Band’It para acompanhar a sua música fizeram um videoclip caseiro. Felizes com o resultado, cheios de nervos ficaram quando o seu primeiro concerto online teve lugar. Com interpretações de músicas centrais da revolução do 25 de abril, os Band’It foram a primeira atuação do “Grito de Liberdade” concerto online para uma audiência que conta com mais de 4 mil pessoas e que os marcou.

 

Quando confrontados com o cancelamento dos concertos nas Fnac’s, João Diogo Silva (o guitarrista de Band’It) confessa “ter dado os meses seguintes como perdidos”, e que “sentia que o esforço e embalo que tinham trabalhado tão arduamente para alcançar tinha acabado de esbarrar com uma parede invisível”, no entanto o mesmo revela “ter sido muito gratificante poder ter continuado a mostrar os Band’It a novos públicos através de novos meios em que não tínhamos muita prática e que agora podemos dizer que conseguimos conquistar”. Ambos dizem ter sido difícil compor e escrever novas músicas, reforçando João Contente (vocalista dos Band’It) que “quando compusemos e escrevemos músicas nesta período fizemos um esforço consciente para que estas fossem músicas alegres e positivas” por acharem que a função da música seja muitas vezes terapêutica e portanto nesta fase teria de ser extra alegre e motivadora, algo que se pode testemunhar na sua música “Liberdade”.

 

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