Está inaugurada a exposição “O Som da Pintura” em Alpiarça

José Relvas (1858-1929) era um apaixonado pela música. Tocou violino em público em diversos concertos e fundou, em 1899, o Quinteto de Música de Câmara de Lisboa. No dia em que começou a viver na Casa dos Patudos, 3 de junho de 1906, dá um grande concerto para a inauguração da sua casa.

Desde os catorze anos que tocava violino e é com esta idade que o seu pai lhe compra um Violino Stradivarius.

 

Em redor da tela de Bartolomeo Bettera (1639 – 1699), uma reflexão sobre o protagonismo dos instrumentos musicais na obra de arte.

Retratados sempre em relação aos executantes, estes objetos vão revestir-se de imponderáveis solenidade e poder simbólico no norte de Itália em meados do século XVII; a partir daí, a evolução será rápida, cavalgando já a onda barroca, juntando uma forte consciência decorativa aos seus valores sinestésicos e evocativos.

Disto mesmo nos fala o quadro em exposição, em diálogo com seis instrumentos históricos, pertencentes ao espólio do Museu Nacional da Música: diante dos nossos olhos maravilhados, tal como se apresentaram defronte ao artista, um alaúde, um chitarrone, um violino e um violoncelo, uma charamela e uma viola barroca, extrapolam a bidimensionalidade pictórica e permitem-nos dar um salto no tempo.

 

Na casa que pertenceu ao melómano José Relvas, que nutria, porém, grandes dúvidas acerca do intrínseco valor artístico dos instrumentos musicais, tal reflexão ganha nova acuidade. Assinada e inscrita – «Bartolomeo Bettera / f(ecit) in Bergamo» – a única tela do mestre bergamasco documentada em Portugal, propriedade da Fundação Gaudium Magnum – Maria e João Cortez de Lobão, poderá ser visitada na Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça até 15 de agosto.

 

A exposição “O Som da Pintura”, patente na Casa dos Patudos, inaugurou neste sábado, 10 de Julho e está patente até 15 de Agosto. A inaguração contou com a presença entre outros do Príncipe Amyn Aga Khan, D. Isabel de Herédia (Duquesa de Bragança), Condes de Carnide; Maria e João Cortez de Lobão (Fundação Gaudium Magnum), Maria Antónia Athayde Amaral (Directora do Castelo São Jorge), Frances Reynolds (Presidente de uma das mais importantes fundações culturais do Brasil), António Monteiro (Director Mecenato Millenium), Embaixador José de Bouza Serrano, Philippe Mendes (Antiquário e Professor do Ensino Superior) e Pierre Hervé (decorador).

 

Esta iniciativa, inserida no âmbito do Festival Entre Quintas, contou ainda na sua inauguração com um momento musical barroco, com peças de Antonio Vivaldi (1678-1741), Domenico Scarlatti (1685-1757) e Carlos Seixas (1704-1742) interpretadas por Nuno Cardoso, violoncelo e Lígia Vareiro, violino.

 

Fotografias / Reportagem: Arlindo Homem

Partilha