Eduardo Viveiros de Castro abre programa de inauguração do ciclo expositivo do CIAJG

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) pensa, debate, celebra e revela o mundo, a sua diversidade e riqueza cultural. Em conjunto, com todos os que o visitam, público ou artistas. Em 2019, a programação do CIAJG realiza-se sob o mote Resgatar a Diversidade, entendida, de forma alargada, enquanto ecossistema conceptual, e integra um amplo e diverso conjunto de propostas. O primeiro grande momento acontece já este sábado, 23 de fevereiro com a inauguração do novo ciclo de exposições dedicado ao ‘Pensamento Ameríndio’, que integra Variações do Corpo Selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, Fotógrafo, com curadoria de Veronica Stigger e Eduardo Sterzi, Carõ – Multidões da Floresta, uma exposição de João Salaviza e Renée Nader Messora, Clareira de Manuel Rosa e A Morte de Ubu de João Louro.

A inauguração das exposições está marcada para as 18h00 e será precedida por uma conferência de Eduardo Viveiros de Castro, pelas 16h00, no Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento. A noite de inauguração do novo ciclo expositivo prolonga-se com um concerto de Tiago e os Tintos, a partir das 22h30, e, no domingo, 24 de fevereiro, os holofotes viram-se para a estreia da visita performativa Ponto de Fuga, uma criação de Nuno Preto, que conduz o público por um novo olhar pelo mundo que este espaço alberga.

É a primeira vez que o CIAJG olha tão diretamente para os povos originais, como o faz agora ao longo deste primeiro ciclo expositivo de 2019.

 

Momentos antes da inauguração da sua exposição, e no âmbito da mesma, Eduardo Viveiros de Castro apresenta a conferência “Nenhum povo é uma ilha“, às 16h00, no Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento. Esta conferência, de entrada livre, surge integrada no Ciclo Pensamento Ameríndio, promovido pelo Centro Internacional das Artes José de Guimarães, e consistirá numa reflexão sobre a grave situação presente dos chamados povos em isolamento voluntário na Amazónia indígena, e sobre o papel político-cosmológico que estes povos — sua existência real ou presumida — desempenham na vida dos povos indígenas já “contactados” ou “pacificados”.

Variações do Corpo Selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, Fotógrafo é uma exposição antológica do trabalho de Eduardo Viveiros de Castro, reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes antropólogos da atualidade. Com a teoria do perspetivismo ameríndio, desenvolvida a partir de meados da década de 1990, Viveiros de Castro passou a ter uma notável influência noutros campos do conhecimento – na estética, na teoria literária, na filosofia política, na filosofia do direito e, sobretudo, na prática artística. O que poucos sabem é que antes de ser antropólogo, foi fotógrafo, sendo responsável por algumas das imagens mais emblemáticas do artista plástico Hélio Oiticica e do poeta Waly Salomão, assim como pelas fotografias de cena de filmes do cineasta Ivan Cardoso. Esta exposição – que já passou por São Paulo, Araraquara e Frankfurt – apresenta, pela primeira vez, um amplo recorte do trabalho fotográfico de Eduardo Viveiros de Castro, agrupando cerca de 200 imagens realizadas ao longo de sua atividade como etnólogo junto aos índios Araweté, Kulina, Yanomami e Yawalapíti.

Em simultâneo com a mostra de Eduardo Viveiros de Castro, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães inaugura Carõ – Multidões da Floresta, uma exposição de João Salaviza e Renée Nader Messora realizada em colaboração com o Doclisboa. Carõ – Multidões da Floresta é um percurso visual e sonoro que propõe um olhar sobre as concepções acerca da morte presentes na cosmologia do povo indígena Krahô, indo ao encontro da potência estética e política das suas representações na mitologia, nos cantos e no Pàrcahàc – O ritual que assinala o fim do luto e reforça a relação de antagonismo entre vivos e mortos.

Como é habitual, neste primeiro ciclo expositivo de 2019, a coleção permanente do CIAJG sofre uma remontagem, desta vez com Clareira, um projeto de Manuel Rosa realizado em diálogo com a coleção permanente de José de Guimarães, em particular com a cerâmica Pré-Colombiana. A intervenção no piso da coleção permanente do Centro completa-se com A Morte de Ubu, de João Louro.

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