Deborah Stratman é uma das autoras em foco no 31º Curtas Vila do Conde Festival Internacional de Cinema

O trabalho da americana Deborah Stratman escapa-se a rótulos fáceis. Cruzando todos os tipos de media: da imagem em movimento à fotografia, da escultura ao desenho ou à instalação, a sua obra pode ser encontrada tanto na selecção oficial dos festivais de Roterdão ou Sundance, como nas salas de importantes galerias e museus, como o MoMA ou o Centro Pompidou. Independentemente do output escolhido, o trabalho de Stratman ocupa-se, sobretudo, da capacidade de questionar aquilo que subjaz às coisas mundanas, às rotinas e aos comportamentos. Explorando a história, os usos, as mitologias e os padrões impressos em diferentes tipos de paisagem — desde a província muçulmana de  Xinjiang na China, à Irlanda rural ou à Califórnia suburbana — o seu trabalho aponta os relacionamentos entre os ambientes físicos e as lutas de poder e de controlo que os humanos operam no território. Mais recentemente, Stratman tem-se focado também em narrativas históricas sobre a fé, a liberdade, o expansionismo e o paranormal.

 

De 8 a 16 de julho, o 31.º Curtas Vila do Conde Festival Internacional de Cinema dedica-lhe um intensivo programa de foco, que apresenta uma selecção da sua obra cinematográfica (inserida na secção InFocus), uma Carta Branca, no âmbito da qual a artista apresenta obras que tenham influenciado o seu trabalho, e uma exposição na Solar — Galeria de Arte Cinemática, com um conjunto de obras mostradas em contexto expositivo pela primeira vez em Portugal. O programa completa-se com a masterclass Radical Listening, onde a mesma falará sobre o enorme potencial do som e no áudio como principal motor e criador de espaço.

 

Presença já habitual na selecção do Curtas (nove dos seus filmes foram selecionados para as competições de 2002 até aos dias de hoje), Stratman foi vencedora da Competição Internacional do festival em 2003, com In Order Not To Be Here. A sua escolha para InFocus na edição de 2023, cumpre com um dos principais desígnios do trabalho conjunto entre o Curtas e a Solar – Galeria de Arte Cinemática: por um lado, o de fazer a ponte entre os territórios dos Cinema e das Artes Visuais e, por outro, o de potenciar sinergias entre os dois projetos, revelando aspetos menos conhecidos das obras de artistas/cineastas de referência e da maior importância no panorama internacional.

 

Anunciados, na edição deste ano, estavam já dois cine-concertos integrantes da secção Stereo: Bohren & der Club of Gore x Le Révélateur, de Philippe Garrel (13 de Julho, 23h30, Teatro Municipal de Vila do Conde) e Miaux x Carnival of Souls, de Herk Harvey (14 de Julho, 23h30, Teatro Municipal de Vila do Conde).

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