Musicadoria – ciclo de curadoria com promotoras de música de Guimarães – é retomada pela promotora Revolve (4 de outubro) com Dälek, que vêm de New Jersey (EUA) mostrar a sua música que há mais de 20 anos assenta na interseção do hip-hop com sonoridades de cariz mais industrial. Dälek junta o rapper e produtor MC Dälek e o produtor Mike Manteca, responsável pela eletrónica ao vivo.
Pioneiros do hip-hop alternativo, Dälek produzem álbuns inovadores desde os anos 90, tendo atraído fãs e críticos de diversos géneros musicais, desde as comunidades hip-hop aos seguidores de eletrónica, indie, metal, shoegaze, jazz e música experimental.
Depois de lançarem sete álbuns, várias colaborações, EP’s e remixes, ficaram conhecidos pela intensidade e profundidade dos seus trabalhos musicais e por ultrapassarem os seus limites a cada lançamento. Após vários álbuns e uma década contínua preenchida por digressões implacáveis, Dälek entraram num hiato de 5 anos (2010 a 2015) para recuperar e se concentrarem em novos projetos musicais. E rapidamente surgiu um novo single e uma tournée. 2016 viu o lançamento do aclamado pela crítica Asphalt for Eden, pela Profound Lore Records, mostrando mais uma vez ao mundo da música a sua constante evolução sonora e lírica.
O ciclo prossegue a 22 de novembro com os Black Bombaim, ‘power trio’ nascido com ADN rock’n’roll e influências psicadélicas, e que foi abrindo o seu universo por conta da crescente colaboração com músicos vindos de campos como a eletrónica ou o jazz. É uma escolha dos Banhos Velhos. Vindos da musicalmente prolífica pequena cidade de Barcelos, os Black Bombaim são três pessoas – Paulo Senra (bateria), Tojo Rodrigues (baixo), Ricardo Miranda (guitarra) – que cresceram juntas, enquanto trocavam álbuns num meio que misturava paisagens bucólicas do interior português e experiências excessivas com drogas, fazendo atuações ao ar livre, aparentemente inspiradas em planetas ainda a serem descobertos. Neste concerto no CCVF, os Black Bombaim contam com a colaboração do artista e performer João Pais Filipe, que junta a sua bateria aos ritmos intensos desta enérgica banda barcelense.
O último concerto do ano acontece a 14 de dezembro e é programado pela Capivara Azul – Associação Cultural que traz pela primeira vez a Portugal Michal Turtle, músico britânico radicado na Suíça, que, nos últimos anos, começou finalmente a ser reconhecido como o homem à frente do seu tempo, fruto da reedição pela editora holandesa Music From Memory de Music From The Living Room (1983) e de outros registos feitos em meados dos anos 1980 e que hoje soam estranhamente contemporâneos. Michal Turtle, percussionista e pianista de formação clássica, para além de compositor e produtor, apresenta um estranho, mas encantador mundo sonoro a cada edição. No Café Concerto do CCVF, estaremos preparados para nos deixarmos surpreender pela sua atuação com guitarra e componentes eletrónicas.
O seu álbum de 1983, Music From The Living Room (totalmente ignorado no momento do lançamento), é agora considerado uma obra de pensamento profundamente avançado, desafiando até a sua categorização. Este trabalho, gravado naquela época na sala de estar da sua casa de família no sul de Londres e recentemente redescoberto pela editora discográfica Music From Memory, de Amsterdão, motivou o lançamento do duplo álbum Phantoms of Dreamland em 2016, que resultou num sucesso instantâneo, conquistando uma pontuação de 7,9 em 10 pela internacionalmente conceituada Pitchfork e tendo sido eleito pela FACT Magazine como melhor reedição do mês aquando da sua apresentação. Mais recentemente, em abril de 2018, Michal lançou o seu segundo álbum, Return To Jeka, novamente pela Music From Memory.