CRL – Central Elétrica apresenta “Re-Set, Re-Start, Ri-Ignite”

CRL – Central Elétrica é o novo nome de um projeto artístico com um longo percurso de atividade. A afirmação de um centro de residências e criação transdisciplinar vem assumindo protagonismo no projeto artístico da Circolando, querendo-se que a Central Elétrica marque um novo início no nosso percurso. CRL reflete a fusão numa única sigla de CiRcoLando e CentRaL.

 

Este momento, dia 19 de Abril, que coincide com a reabertura dos espaços culturais após novo período de confinamento, retoma a programação na CRL – Central Elétrica com uma programação especial, articulando dois programas a que estamos associados.

 

Através do Iberescena, programa de cooperación iberoamericana para as artes cénicas, a dupla Azkona & Toloza [ES/CH], mostrará o resultado da residência “La Colección: mirada colonial”. Esta residência faz parte de um projeto maior que tem por objectivo a criação de “La Colección, caja de herramientas documentales”, uma publicação performativa que investiga o passado colonial da Espanha, focando a sua atenção na ex-colónia franquista da Guiné Espanhola, agora Guiné Equatorial. Uma colónia e um país construídos pelo poder da Europa na terra dos boobies, presas, igbos, bakas, bengues ou anabonenes.

 

A coleção mergulha nos arquivos gráficos, nunca publicados, do antigo Museu Etnológico e Colonial de Barcelona. Centenas de fotos, cartas e cadernos que dão conta da “Mirada Colonial” que durante séculos marcou a forma como a Europa viu e organizou o mundo. Centenas de fotografias etnográficas, nascidas sob os auspícios de expedições científicas coloniais que, em muitos casos, são a prova clara da barbárie colonial que o Ocidente exibiu e continua a exibir por todo o mundo. Rostos, corpos e nomes que hoje, mais do que nunca, exigem ser ouvidos.

 

Azkona & Toloza são uma dupla de artistas que se dedicam às artes performativas. Interessados nas infinitas possibilidades da poesia e da antropologia visual, criação de vídeo lo-fi, performance e movimento, as suas últimas criações concentram-se na releitura da história oficial e na criação documental voltada para a cena.

 

A trilogia do Pacífico, composta pelas peças Extraños Mares Arden, Tierras del Sud e Teatro Amazonas é o seu mais recente projecto artístico. O seu trabalho foi apresentado um pouco por todo o mundo destacando, entre outros, o Thèâtre de la Ville e Festival d’Automne em Paris, o Festival La Bâtie em Genebra, o FIAC em Salvador da Bahia, o Museo Universitario del Chopo na Cidade do México, o National Artist’s Hall of Colombia em Bogotá, o Festival Romaeuropa em Roma, as Naves do Matadero e o Teatro Espanhol em Madrid, o Festival Grec e o Festival Sâlmon de Artes Vivas em Barcelona, a NAVE em Santiago no Chile, a Open Scene em Burgos ou o Temporada Alta em Girona.

 

De seguida, integrando a programação Criatório apoiada pela Câmara Municipal do Porto, o músico português Pedro Augusto (Ghuna X, Live Low) realiza o concerto multimédia “Duas Vozes”, editado pelo selo Lovers & Lollypops. Música de carácter visual, o EP surge um híbrido vídeo-álbum-viagem em que a música de Pedro Augusto se deposita nas imagens criadas por Rafael Gonçalves.

Pedro Augusto, sediado no Porto desde 2001, trabalha como artista e compositor musical para artes performativas e cinema. Tem vasto percurso editorial a título individual e como produtor em diversos álbuns de música portuguesa da última década. É responsável pelo arquivo Found Tapes Porto e pelo projecto musical Live Low, tendo até 2014 assinado com o alter ego de Ghuna X.

 

Em “Duas Vozes” estreia-se nos lançamentos em nome próprio, com seis temas de música não-operática, ou melhor, que não cumprem um propósito outro que não fosse construir um programa musical que pudesse ser apresentada ao vivo sem programações. Nesse sentido e apesar das devidas diferenças, encontra-se plástica e sonoramente esteja mais próximo do trabalho desenvolvido como Ghuna X do que como o mais recente Live Low, isto porque apresenta uma sonoridade bastante frontal, viva e dinâmica, em que se vive mais do som que é produzido do que da complexidade musical.

 

Paralelamente, estará patente a instalação “Travessia: primeiro acorde”, de Pedro Vilela [BR]. Ao longo dos últimos meses, Vilela tem entrevistado brasileiros residentes na cidade do Porto em busca de recolher depoimentos e narrativas para a criação do espetáculo “Travessia”, um projeto associado da CRL – Central Elétrica, com estreia marcada em julho dentro do Cultura em Expansão. Movido pelo título de uma matéria publicada no jornal Público (Há um Brasil a fazer perguntas difíceis a Portugal), no final de cada conversa instigou cada um dos entrevistados a somar

questões ao Sr. Portugal. Esta instalação é a primeira experiência visual em torno do projeto.

 

 

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