Cristina Carvalhal visitou os espaços do Teatro Nacional São João em 2018 com a adaptação teatral de Elizabeth Costello, um romance de J.M. Coetzee. Dois anos depois, a encenadora está de regresso a braços com O Dia do Juízo, uma peça de Ödön von Horváth – cidadão do império Austro-Húngaro que se fixou em Berlim nos anos 1920, para a partir daí reinventar o teatro popular de língua alemã.
Escrita em 1935-36, a peça parece ser apenas um vulgar drama burguês à volta de um acidente ferroviário e protagonizado por um imprevisto triângulo “amoroso”. Mas, como reflete Cristina Carvalhal, a obra que foi desenvolvida “no período de ascensão do nazismo, em que as pessoas começam a ser divididas entre as que devem ficar e as que devem ser eliminadas, evidencia as difíceis escolhas com que somos confrontados num cenário de sobrevivência”. Por isso mesmo, à medida que progride, o espetáculo vai adquirindo a densidade de uma parábola sobre a culpa e a inocência, problematizando a responsabilidade individual no dia a dia de uma comunidade.
O recurso à linguagem vídeo é um dos elementos estruturantes do espetáculo, sendo que será decisivo na concretização da dimensão fantasmagórica da culpa. Assinado por Pedro Filipe Marques, este formato traz à peça os atores Gracinda Nave, Isac Graça e Sara Carinhas.
O Dia do Juízo é uma coprodução Causas Comuns, São Luiz Teatro Municipal e Teatro Nacional São João e estará em cena na quinta e sexta-feira, às 21h00; no sábado, às 19h00; e no domingo, às 16h00. O espetáculo estará em cena a partir de quinta-feira (20 de fevereiro) e até domingo (23 de fevereiro) no Teatro Carlos Alberto e conta no elenco com nomes como Carlos Malvarez, Cucha Carvalheiro, Ivo Alexandre ou Manuela Couto.
Photo: Estelle Valente
