Corpos não-normativos em exposição no CAAA

Em tempo de alienação e separação física, o corpo será o epicentro de duas exposições que, entre a natureza e o signo, a representação hegemónica e o imaginado, questionam os limites que o pensamento colectivo impõe à liberdade e ao superior direito da identidade.

Com inauguração marcada para o dia 9 de janeiro no CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura, Princesinha do Cerrado e Entre a Tensão e o Delírio voltam a trazer a Guimarães o trabalho de Hilda de Paulo e Tales Frey no questionamento sobre o lugar do real num mundo filtrado por normas.

 

Hilda de Paulo vive e trabalha entre Portugal e Brasil. É artista, travesti e curadora independente, co-fundadora da Cia. Excessos e da eRevista Performatus, e organizadora e diretora da Mostra Performatus. Em a Princesinha do Cerrado, o nome porque era conhecida nos anos de 1930 a sua cidade natal Inhumas-GO/Brasil, convida-nos a entrar no seu confessionário, visitando memórias e histórias que marcaram o seu percurso. Com curadoria de Suzana Queiroga, a exposição conjuga fotografia, colagem, montagem digital, desenho e pintura, retomando um projeto não-concluído de auto-ficção para abordar a sua transexualidade e o modo como as sociedades lidam com os corpos dissidentes. Um conjunto de obras assente na investigação livre de cores, onde a natureza das coisas aponta forças cósmicas, lembrando-nos que a existência humana é uma pequena forma de vida no meio de tudo o que compõe o universo.

 

Tales Frey é artista transdisciplinar representado pela Galeria Verve de São Paulo. Vive e trabalha entre o Brasil e Portugal. Realiza obras amparadas tanto pelas artes visuais como cénicas, situadas no cruzamento entre a performance, o vídeo, a fotografia, o objeto, o adorno/indumento e a instrução. Em Entre a Tensão e o Delírio, reflete sobre a forma como os corpos são moldados a partir de uma comunicação fundamentada em símbolos massivamente difundidos: da educação à publicidade, códigos predominantes são transformados em corpos padronizados de acordo com o status quo vigente, deixando pouco espaço para a concepção livre do eu. Com curadoria de Estefânia Tumenas, a exposição compila um conjunto de trabalhos que desenham um alfabeto subversivo, onde corpos híbridos se transformam em linguagens gráficas e se libertam da dominadora influência falologocêntrica para assumirem os seus próprios códigos.

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