Citemor – Festival de Montemor-o-Velho prossegue este fim de semana

A quadragésima edição do Citemor – Festival de Montemor-o-Velho, o mais antigo do país, teve início no passado dia 19 de Julho em Coimbra, onde apresentou os espectáculos de Ivo Dimchev, Rafael Alvarez e Paula Diogo, e terminará, no dia 11 de Agosto, na Figueira da Foz. O festival abandona agora os palcos de Coimbra deslocando-se para o litoral – repartindo-se entre Montemor-o-Velho e a Figueira da Foz, onde decorrem, em simultâneo, vários processos de residência de criação, de que resultarão acontecimentos únicos, com os criadores Francisco Camacho, Angélica Liddell, Mónica Valenciano e Teatro do Vestido. Para além destes, integram o programa obras de Inês Campos, Diana Gadish, João Fiadeiro e de Carolina Campos e Márcia Lança.

 

Esta semana os espectáculos decorrerão todos em Montemor-o-Velho e o programa propõe três obras de criadoras de diferentes gerações.

Quinta-feira, dia 26, no Teatro Esther de Carvalho, o Citemor apresenta “Coexistimos”, de Inês Campos, uma das mais destacadas e multifacetadas coreógrafas de uma nova geração, que dança em peças de Tânia Carvalho e da companhia finlandesa WHS, expõe enquanto artista visual, actua com o grupo de música tradicional Sopa de Pedra e prepara a sua estreia como actriz numa longa-metragem de Catarina Vasconcelos.

O título da obra indicia já os múltiplos interesses e formas de expressão que motivam a autora, que nos propõe uma obra com dança, teatro, cinema, manipulação de objectos, arquitectura em movimento, artifícios capazes de criar sucessivas ilusões e magia.

 

Na sexta-feira, dia 27, Carolina Campos e Márcia Lança apresentam “Nome”, na Casa Catela, um espectáculo que marcou o início da temporada e teve raras apresentações em Portugal. Partindo do universo das imagens antigas, abandonadas em feiras, esquecidas, deixadas para trás, as autoras agarram um fragmento de mundo para o deslocar no tempo, resignificá-lo, dar-lhe um sentido diverso do da sua origem. “Este trabalho propõe o exercício de imaginar que a nossa memória e o nosso esquecimento, aquela matéria absolutamente indispensável para nos tornarmos singulares, podem estar em qualquer corpo, em qualquer vida, num outro qualquer.”

 

Mónica Valenciano, uma das figuras mais influentes da sua geração na dança contemporânea de Espanha, já se encontra em residência a preparar a sua apresentação de sábado 28 na Sala B.

O projecto “Imprenta Acústica en (14 borrones de una) Aparición“, estreada recentemente nas Naves Matadero em Madrid, com 10 sessões consecutivas, é um projecto que evolui experimentando diversas fases da sua revelação, formulando-se na construção de diferentes versões, onde se altera o percurso, varia o número de intérpretes, oferecendo a possibilidade de transformação e leitura dentro da mesma obra.

Mónica Valenciano dança “como quem escava no corpo, transpondo obstáculos, abrindo novos circuitos possíveis que lhe permitem aceder à sua voz… a voz do corpo escondido no corpo que dança, move-se ao encontro das suas possibilidades acústicas, através da respiração do movimento, o corpo que se evola, polifónico, dilatando o contacto entre a pele e o espaço, assiste à descoberta de texturas, tonalidades, qualidades que emergem num processo de revelação desde a prática quotidiana no momento da escuta do corpo, como instrumento musical, ou… lugar de ressonâncias.”

No Citemor, será apresentada a versão do “Solo”, com dramaturgia e interpretação de Mónica Valenciano, no dia 28 de Julho na Sala B.

 

Photo: Coral Ortiz

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