O mês de janeiro na Central Elétrica, espaço de residências e programação gerido pela companhia portuguesa Circolando na cidade do Porto, é dedicado a um ciclo em torno de um dos principais colectivos ibero-americanos, os mexicanos Lagartijas Tiradas al Sol.
Integrando a programação dos principais festivais de artes cénicas um pouco por todo o mundo, Lagartijas Tiradas al Sol apresenta-se pela primeira vez em Portugal, após uma residência de longa duração na cidade do Porto, no espaço da Central Elétrica, através do Programa InResidence 2020.
No dia 13 de janeiro, o público pode assistir à apresentação do espectáculo Tijuana, um solo de Lázaro Gabino Rodríguez, que põe em cena a sua experiência de conversão durante seis meses em Santiago Ramírez, habitante de Tijuana (Baixa Califórnia), sob condições específicas que o separavam do seu mundo habitual (para o qual permanecia incomunicável), enquanto trabalhava a troco do salário mínimo numa fábrica local.
O espectáculo procura contar esta experiência e indagar as possibilidades de representação. A partir daqui, o trabalho tece um discurso sobre ficção, realidade e representação. Ser outra pessoa, tentando viver a vida de outra pessoa. Fazer-se passar por outra pessoa. Isso não é atuar?
No mesmo dia, apresenta-se ainda a curta-metragem Distrito Federal do mesmo coletivo.
Ainda no mês de janeiro, no dia 27 de Janeiro também pelas 19h, o colectivo realizará uma mostra pública de processo de criação Campeche, seguido de uma conversa com o público.
Ao longo dos últimos meses, o colectivo desenvolveu a pesquisa sobre Campeche, obra que, tal como Tijuana, integrará o ciclo de trabalho de longa duração desenvolvido pelo colectivo ao longo dos últimos anos, intitulado La Democracia en México (1965-2015).
50 anos após a publicação do livro de Pablo González Casanova, La Democracia en México, Lagartijas Tiradas al Sol têm procurado pensar a democracia à luz da análise feita há meio século. Um projecto que procura investigar as ideias que sustentam o ideal democrático e as experiências produzidas ao colocar esse ideal em prática. Pensa no ideal e nas realidades que ele produz, a partir do fato de que não vivemos numa, mas em múltiplas experiências de democracia. Mais do que uma explicação da democracia, é uma implicação com a democracia.
Até o momento, o grupo realizou seis projectos deste ciclo, em diferentes formatos: três encenações, uma palestra performativa, um filme sonoro ao vivo, um vídeo e um livro: Tijuana, Veracruz, Santiago Amoukalli, Yanhuitlan, Estado de México, Distrito Federal e Tiburon.
Estas acções integram a programação da Central Elétrica através do Programa Criatório, com financiamento da Câmara Municipal do Porto. A entrada é gratuita mediante inscrição prévia através do site ou redes sociais da Circolando.
