Aveiro_Síntese 2020… 10 concertos em vários espaços da cidade de Aveiro

A Arte no Tempo e o Teatro Aveirense apresentam, de 27 de Agosto a 20 de Setembro, a 4.ª edição da bienal Aveiro_Síntese com 10 concertos que vão ocupar vários espaços da cidade.

 

A Aveiro_Síntese foi criada em 2002, com o objectivo de dar a conhecer o grande repertório da electroacústica, combinando obras históricas com criações de compositores portugueses e selecções de estúdios internacionais.

Em 2016, a Aveiro_Síntese foi retomada enquanto bienal, dedicando, desde 2018, maior atenção à música de câmara mista e à integração de jovens músicos em formação. A bienal faz hoje parte da programação do Teatro Aveirense e da estratégia cultural da Câmara Municipal de Aveiro, inserindo-se na candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura em 2027.

 

Contando com uma dezena de estreias absolutas e mais algumas estreias nacionais, a Aveiro_Síntese 2020 inaugura, na Igreja das Carmelitas, às 22 horas de 27 de Agosto, com Hugo Simões : Dowland vs Barrett, concerto em que o guitarrista interpreta, com Nádia Carvalho na electrónica, o repertório do célebre compositor inglês John Dowland (1563–1626) e a exploração que dele faz a sua compatriota Natasha Barrett (1972) à improvisação com guitarra e electrónica.

No dia seguinte à mesma hora, no Claustro da Igreja da Misericórdia, têm lugar duas performances de electrónica, a primeira com o artista sonoro e designer Carlos Santos e a segunda com o compositor e performer João Carlos Pinto.

 

É também no Claustro da Igreja da Misericórdia que será exibido, às 22h de 29 de Agosto, O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1920), com acompanhamento de música ao vivo por Tiago Cutileiro e Marta Navarro, um projeto que a dupla apresentou uma única vez, no Festival Curtas de Vila do Conde, em Julho de 2019, antecipando a celebração do centenário do filme.

 

O mês de Agosto despede-se às 19 horas do dia 30, também no Claustro da Igreja da Misericórdia, com o primeiro de dois concertos pelo ars ad hoc. A Fundação Centro Cultural de Belém encomendou ao ars ad hoc, no contexto dos Dias da Música de 2020, dois programas à volta da nova música criada em torno de Beethoven, no âmbito da celebração dos 250º aniversário do nascimento do músico, concertos estes que não se realizaram devido à situação de pandemia. Assim, é na Aveiro_Síntese que o ars ad hoc lança estes programas, com a estreia absoluta de dois quartetos de cordas, de João Carlos Pinto e de Ricardo Ribeiro, música acusmática de Ludger Brümmer e um quarteto de Beethoven. O quarteto de cordas e electrónica de João Carlos Pinto parte da última sonata para piano de Beethoven. As outras duas obras em estreia partem do Quarteto op. 133, Gro∫e Fuge.

 

Formado por destacados solistas ainda jovens, o ars ad hoc foi criado em 2018 pela Arte no Tempo, com vista à divulgação do grande repertório de música de câmara, em especial a música dos nossos dias, destacando-se a sua colaboração com o compositor Beat Furrer, de quem, em 2019, fez a estreia nacional do quinteto intorno al bianco [2016].

 

A 3 de Setembro, às 22 horas, também no Claustro da Misericórdia, é tempo de ouvir La Lontananza Nostalgica Utopica Futura, de Luigi Nono, conjugando o violino de André Gaio Pereira com a projecção sonora de Ricardo Guerreiro e o desenho de luz de Pedro Fonseca. Sobre esta obra Luigi Nono afirmou: “em alguma circunstância La Lontananza poderá ser tratada como um concerto para solista e acompanhamento”. O percurso do violinista é incerto, desenhado entre as estantes que apoiam as seis secções que estruturam a partitura e que estão espalhadas livremente pelo espaço. Incerto é também qual o som e quando sairá de cada um dos 8 altifalantes.

 

No dia seguinte, à mesma hora, o ars ad hoc apresenta, na Sala Principal do Teatro Aveirense, o seu segundo concerto na bienal, com um programa em torno da Sonata Op. 111 de Beethoven. Além da estreia absoluta de duas obras de Carlos Caires e Kristine Tjøgersen, inspiradas pela última sonata para piano do compositor, será ainda interpretada música de Luís Antunes Pena e de Joana Bailie, assim como o andamento lento da própria Op. 111.

 

Às 19h de 5 de Setembro, no Pátio do GrETUA, a bienal apresenta a Orquestra XXI. A orquestra premiada reúne músicos portugueses residentes no estrangeiro e é dirigida pelo maestro Dinis Sousa. O programa conta com obras de compositores de referência, incluindo a estreia em Portugal de Radio Rewrite de Steve Reich.

 

No dia seguinte, pelas 19 horas, a Sala Principal do Teatro Aveirense apresenta o concerto Nova Música para Novos Músicos, com a estreia absoluta de duas novas composições encomendadas a Carlos Caires e Luís Antunes Pena.  O projecto Nova Música para Novos Músicos prevê a encomenda de obras mistas a compositores portugueses, destinadas à formação de alunos de diferentes níveis, dos 6 aos 18 anos, acompanhando todo o percurso escolar. Neste atípico ano, realizando-se a bienal fora do período lectivo, serão menos as obras interpretadas, mas o entusiasmo na sua preparação e estreia será igualmente grande.  Nuno Aroso assume a direcção musical deste concerto, onde participam ainda Nádia Carvalho na electrónica e estudantes de escolas de enino artístico especializado da música.

 

No dia 19 de Setembro às 22h, na Sala Estúdio do Teatro Aveirense, Nuno Aroso apresenta-se com o seu mais recente projecto, o Clamat – colectivo variável, interpretando obras de Steve Reich, Luís Antunes Pena, João Pedro Oliveira e Panayiotis Kokoras, fazendo-se acompanhar de João Pedro Lourenço na percussão e Luís Antunes Pena na electrónica. Neste concerto vão ser exploradas diferentes formas de fazer música, cobrindo pólos tão distintos como o da simples manipulação de feedback à realização coreográfica que ilusoriamente desvela o som.

 

A bienal Aveiro_Síntese 2020 encerra no dia 20 de Setembro, pelas 16 horas, na Sala Estúdio do Teatro Aveirense, com o concerto música acusmática // Música em Criação. O programa reflecte o modelo seguido nos concertos da primeira edição da Aveiro_Síntese, consistindo na apresentação de obras históricas, obras de compositores portugueses e uma selecção de obras por um algum estúdio ou compositor. Neste concerto, a obra histórica é Mycenea-Alpha (a primeira inteiramente realizada no sistema UPIC) e a música de autores portugueses constitui simultaneamente a selecção elaborada pela Arte no Tempo, no âmbito da chamada de peças “Música em Criação” (destinada a compositores em formação ou recentemente formados), que em 2020 destaca os compositores Cláudio de Pina e Marta Domingues. A obra acusmática de Ludger Brümmer estreada a 30 de Agosto é aqui trazida para dentro de portas, para uma audição mais cuidada.

A Aveiro_Síntese é uma iniciativa da Arte no Tempo em parceria com o Teatro Aveirense/Câmara Municipal de Aveiro, financiada pela Direcção Geral das Artes e EEA Grants.

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