Alkantara Festival… segunda semana de performance e dança sem limites

Na segunda semana do Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas, que se encontra a decorrer até 28 de novembro, em Lisboa, destacam-se as mais recentes criações de artistas como Gabriela Carneiro da Cunha, Nacera Belaza, Gaya de Medeiros e Giorgia Ohanesian Nardin.

Paralelamente, decorrerá o programa “Dança sem Idade” (19 a 21 de novembro), organizado pela estrutura artística EIRA, assim como a apresentação do trabalho de artistas que se juntam na rede Terra Batida (20 a 22 de novembro).

 

Entre os dias 18 e 20 de novembro, o Alkantara Festival apresenta no Teatro do Bairro Alto (TBA) Altamira 2042, da artista brasileira Gabriela Carneiro da Cunha. Trata-se de uma instalação-performance que dá a conhecer vários testemunhos sobre o desastre ambiental e social provocado nas margens do rio Xingu (estado do Pará, Brasil) com a construção de uma estação hidroelétrica.

 

Segue-se, no dia 19 de novembro (sexta-feira), em sessão única, às 20h, o espetáculo A Onda, da coreógrafa franco-argelina Nacera Belaza, um nome já conhecido do público lisboeta. Depois de Un an après, titre provisoire, apresentado em 2008 no São Luiz Teatro Municipal, e de Le Cri e Les Sentinelles, no Teatro Maria Matos, em 2011, Belaza regressa a Portugal para apresentar a sua mais recente criação. Na peça A Onda, o domínio absoluto do movimento, que inspira a uma ligação com a interioridade, estende-se aos elementos cénicos que a coreógrafa doma habilmente e que sublimam os gestos, criando uma peça de caráter meditativo.

 

No mesmo dia (19 de novembro), às 16h, a intérprete e criadora Vânia Doutel Vaz abre as portas do seu espaço de ensaio, na Casa da Dança, em Almada, para um momento de partilha com quem estiver interessado em conhecer o processo de criação da sua primeira peça a solo, com estreia marcada para 2022.

 

Nos dias 20 e 21 de novembro, às 16h30, Gaya de Medeiros, artista brasileira a viver em Portugal, estará no Teatro Nacional D. Maria II para apresentar, em antestreia, Atlas da Boca. Trata-se de uma investigação feita por dois corpos trans, Gaya de Medeiros e Ary Zara, sobre a boca enquanto ponto de interseção das dicotomias identidade/voz, público/privado e erotismo/política.

 

De 21 a 23 de novembro, às 19h30, no São Luiz Teatro Municipal, Giorgia Ohanesian Nardin apresenta gisher | Գիշեր. “Գիշեր” é a palavra arménia para “noite”, que aqui consiste num convite ao público para assistir a um lugar chamado Arménia a partir de um vídeo e de um   encontro à volta de uma fogueira. Artista de ascendência arménia, Nardin convoca palavras que — perante a forma como algumas histórias de identidades são narradas, frequentemente enraizada em sistemas que mantêm a hostilidade e o sofrimento, sobretudo no caso de pessoas racializadas, colonizadas ou oprimidas — se afastam das narrativas dominantes. Em gisher | Գիշեր, Nardin oferece outras possibilidades de olhar e articular a experiência do seu corpo e da sua identidade, na plenitude, na magia e nas fricções com que estas coisas existem em relação com o mundo.

 

Entre os dias 20 e 22 de novembro, o Espaço Alkantara, situado no bairro de Santos, recebe as propostas da rede Terra Batida, que defronta formas de violência ecológica e políticas de abandono. O programa organizado por Rita Natálio conta com performances e ações de Alina Ruiz Folini & Ana Rita Teodoro (Leitura de Seres Vegetais), Ana Pi (Fumaça), DIDI (Essa tal consciência!), Irineu Destourelles (Tarantode no Espaço Urbano Desmemoriado) e Margarida Mendes & Maria Lúcia Cruz Correia (Caudal Restaurativo).

 

A estrutura artística EIRA, que tem como diretor artístico o coreógrafo e bailarino Francisco Camacho, propõe “Dança sem Idade”, programa que desafia as ideias pré-estabelecidas sobre a idade até à qual se pode dançar. Neste âmbito, decorrerá no dia 18 de novembro o simpósio “Sensibilização para outros corpos”, para refletir sobre a visibilidade dos corpos com mais idade, e, durante os dias 19, 20 e 21 de novembro, há aulas práticas para intérpretes de dança com mais de 40 anos. Este programa fica concluído na última semana do festival, altura em que Francisco Camacho apresentará VelhⒶs, no São Luiz Teatro Municipal (27 e 28 de novembro).

 

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