Aí está a 101ª edição da Lovers & Lollypops….

O free jazz é apenas um código nominal para toda a progressão que expõe da campânula de Julius Gabriel, um conjunto de influências, regras quebradas e verdadeira intencionalidade artística, na construção deste “Ætherhallen”.

 

No centro criativo da sua improvisação estão famílias artísticas que percorrem o jazz, o rock, o noise, o psicadelismo ou o minimalismo da forma mais persuasiva e concludente. “The Vapor Bath”, a composição inicial de 6 minutos, persegue com um delay constante, o vínculo do artista pela sua intuição clássica entre frases subliminares e silêncios marcados, até à chegada de “White Temple”.

Aqui, o espectro drone domina consideravelmente os dez minutos, enquanto à superfície, Julius vai encenado um western distópico com os seus efeitos e crescendos desenfreados, culminando num esgar do seu instrumento em loop que prende a atenção dos últimos cinco minutos. “Purple skies”, qual encerrar do dia, mantém a cadência do trabalho no labirinto de layers e estímulos sonoros que advêm do mantra etéreo que cerca os compassos e os manipula no andamento a frequência do saxofone.

Como escalando uma montanha, a faixa encerra numa toada descente, sensorial, refletiva quase erótica que concilia corpo, espírito e mente.

 

Ætherhallen” não é só uma experiência imersiva neste que é o segundo disco de originais do autor – é também um registo de identidade de um compositor arrojado, virtuoso e testado que emprestando o seu instrumento a tantas bandas e projetos, explica-nos aqui que o new jazz, e a sua fusão com outras linguagens é vital para a renovação desta arte.

 

Ætherhallen” é a 101ª edição discográfica da Lovers & Lollypops e já está disponível nas plataformas digitais

 

Manuel A. Fernandes

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