A “Véspera” dos Clã… Num filme sempre Pop… ao vivo

O confinamento tem destas coisas… “Vèspera”, sem duvidas, um dos discos deste estranho ano de 2020 foi editado em pleno confinamento. Um disco que mereceu um grande destaque e que foi ouvido de uma ponta a outra, com a atenção que um novo disco dos Clã merece.

Há muito que as canções dos Clã preenchem aquele vazio emocional existente, quer pelas derivas pop dos seus temas, quer pelas canções de amor desalinhadas, que exprimem os sentimentos mais pessoais, contadas na primeira pessoa, mas sem destinatário em concreto, que o diga Samuel Úria autor da letra de “Jogos Florais”.

Este sábado os Clã levaram “Véspera” ao Porto. Uma noite como já não se via desde Março. Um público que não escondeu a emoção, e abraçou de uma forma intensa este ‘abraço sonoro’ oferecido por Manuela Azevedo e o seu clã.

Do popular (pop), ao low-fi rebuscado, numa versão de “Sopro do Coração”, o alinhamento não poderia ter sido melhor estruturado, para uma noite que foi mais que um sopro do coração. Será que “A Arte de falta à escola” resulta em excelentes canções?… fica a questão
Utilizando o titulo de uma canção dos BAN dos anos 80, o palco do Clã foi transposto “Num filme sempre Pop”, sempre com a Mestre de Cerimónias, neste caso Manuela Azevedo, apresentando de forma emotiva os autores das letras que iam desfilando num contra relógio emocional. Do palco do Sá da Bandeira saiu uma ovação para outra grande MC, Capicua, que apresentava o seu mais recente disco a poucos metros. “Esta noite até somos vizinhos…” rematava Manuela Azevedo.

Da pop mais sofisticada de “Pensamentos Mágicos” ou “Tempo / Espaço”, temas de Carlos Tê e Capicua, até à pop mais abrangente e solitária escrita por Sérgio Godinho em “Tudo no Amor” e  “Oh Não! Outra Vez”, passando pela estreia de Aurora Robalinho na escrita de canções em “Na Sombra”, não esquecendo a canção que indiretamente marcou este confinamento em “Armário” com letra de Capicua.

Mas um filme, mesmo pop, necessita de conteúdos e acção, ingredientes que não faltam na já longa carreira do grupo. Se por um lado “H2omem” recebeu uma roupagem baseada nas canções de “Véspera”, “Sopro do Coração” como já referido, levou Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves sozinhos em palco a desbrabar os terrenos de um low-fi sem desvirtualizar a versão original.
Pelo meio, a acção focou-se nas sempre energéticas “GTI” e “Dançar na Corda Bamba”, canções que o público, apesar de máscara, não deixou de acompanhar do inicio ao fim as suas apresentações.
Sem moches e movimentos mais energéticos, a emoção dominou do principio ao fim do concerto culminando já no encore com o ovacionado “Problema de Expressão

Noite de emoções fortes, de uma vivacidade intensa e abrangente com todo o clã, palavras de Manuela Azevedo, a viver de uma forma intensa este regresso aos palcos.

 

Alinhamento

– Sinais

– Pensamentos Mágicos

– A Arte de Faltar à Escola

– Dá o que tem

– H2omem

– Carrossel dos Equesitos

– A Paz não te Cai bem

– Tempo / Espaço

– Oh Não! Outra Vez

– Tudo no Amor

– Armário

– GTI

– Tira a Teima

– Jogos Florais

– Sexto Andar

– Canção de Água Doce

– Na Sombra

– Sopro do Coração

– Sangue Frio

– Dançar na Corda Bamba

 

– Lado Esquerdo

– Problema de Expressão

– Fahrenheit

 

 

Fotografias / Reportagem: Paulo Homem de Melo

 

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