A “Party” de Aldous Harding no NOS Primavera Sound 2019

Existem locais no mundo que dão a conhecer grandes vozes e grandes artistas. A Nova Zelandia é um desses locais mágicos que por vezes e quando menos se espera, liberta um desses nomes que conquistam o público logo à primeira, ou até à segunda vez.

Aldous Harding é um desses nomes. Há quem diga que Kate Bush influenciou a artista dos antípodas, mas a sua sonoridade é muito mais abrangente que a voz singela de Kate Bush em finais dos anos 70.

Aldous, nascida Hannah, fez o oposto do que seria de esperar com uma mãe que é só e apenas Lorina Harding, um dos nomes maiores da folk da Nova Zelandia.
Aldous, que era alheia à música da mãe, agarrou no folk e transformou aquele som de guitarra monótono em algo que transcendia a imaginação, dando-lhe um sonoridade gótica ao mesmo tempo que a sua demência controlada tomava conta das canções. Na altura Marlon Williams, outro nome que conquistou o público, deu-lhe ajuda necessária quer musicalmente quer emocionalmente, e que viria a cantar os desamores de uma relação que não resultou com Aldous… mas isso é outra história

Em palco, essa demência foi uma constante, diria mais, uma verdadeira “Party” para os sentidos. “Party” foi também a mudança da vida e carreira de Aldous.
Seria John Parish o culpado da demência e da loucura vivida este final de tarde no palco NOS. John Parish, um verdadeiro partner in crime de PJ Harvey, soube como ninguém dar credibilidade à loucura que Aldous escrevia do outro lado do mundo.
Voltando ao concerto no palco maior do NOS Primaver Sound, Aldous juntou à demência saudável de “Party” a loucura de “Designer” o disco novo que deu a conhecer a um público, surpreso com a abordagem, ao som de canções como “The Barrel” ou “Zoo Eyes”

Aldous Harding manteve a linha continua do NOS Primavera Sound.

Fotografias: Paulo Homem de Melo

Reportagem: Sandra Pinho

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