A Morte de Danton está de volta e “voa” até à Roménia…

Uma revolução não é um movimento simples, não falha, nem triunfa, altera profundamente”. Nuno Cardoso deparou-se com A Morte de Danton enquanto ainda estudava na Universidade de Coimbra, lendo-a mais como um manifesto do que como uma peça de teatro. Em setembro, escolheu a obra de Georg Büchner para a sua primeira encenação enquanto diretor artístico do Teatro Nacional São João (TNSJ). Após a sua estreia na instituição e a passagem por Braga e Aveiro, o espetáculo vai agora marcar presença no Festival da União dos Teatros da Europa, sendo apresentada no Teatro Húngaro de Cluj (Cluj-Napoca, Roménia) a 23 de novembro, às 19h00.

 

O Teatro Nacional São João é o único membro português da União de Teatros da Europa (UTE). A organização, criada em 1990, congrega alguns dos teatros mais importantes do espaço europeu, possibilitando a circulação regular de projetos e criadores, no sentido de desenvolver uma ação cultural comum. Em parceria com o UTE, o TNSJ já promoveu intercâmbios com alguns dos seus membros, apresentou produções suas em todos os festivais realizados por esta organização desde a sua adesão e coorganizou o encontro Teatro Europa, entre outras atividades.

 

A Morte de Danton acompanha os últimos dias de vida de Georges Jacques Danton – uma das figuras mais proeminentes da Revolução Francesa, tendo sido presidente do Comité da Segurança Pública – entre as vésperas da sua detenção e execução na guilhotina. Interpretada por Albano Jerónimo, a personagem vive de dúvidas, convicções e arrependimentos, lendo-se também aqui uma sociedade que continua a confrontar-se com perguntas difíceis e terríveis.

 

Em A Morte de Danton, Nuno Cardoso vê um corpo social em permanente estado de convulsão e decomposição, como se a Revolução Francesa quebrasse a utopia e tivesse iniciado um ciclo sem fim: “mãe de todas as revoluções, arquétipo de futuras insurreições”, como contextualiza Regina Guimarães no programa de sala da peça. Em 2020, o espetáculo – a segunda incursão de Nuno Cardoso na obra de Büchner, depois de ter encenado Woyzeck – estará em cena no Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), entre 9 e 19 de janeiro.

Photo: João Tuna

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