A Glam Magazine (já) escolheu os 20 melhores discos nacionais de 2021

Seguindo as pisadas do ano anterior, 2021 vai ficar igualmente para história pelos piores motivos, mas aparte do confinamento, pandemia, falta de concertos, etc, a música continuou presente nas nossas vidas, ou pelo menos tentou. O ano de 2021 ainda foi mais contido em edições discográficas, mas costuma-se dizer, poucas mas algumas boas, sim algumas pois infelizmente não foi um ano de grandes discos, mas sempre houve alguns que merecem sem sombra de dúvida figurar nesta “humilde escolha”.

Um ano de regresso de alguns projetos veteranos da nova geração como foi o caso dos The Happy Mess, a celebrar 10 anos de carreira, ou de Sean Riley & The Slowriders.
Verifica-se mais uma vez em 2021 um (grande) decréscimo de edições físicas em CD, sendo a aposta nas plataformas digitais e alguma no vinil.
À semelhança de anos anteriores, a Glam Magazine ouviu dezenas de discos durante este ano e colocou de lado aqueles que fazem parte desta lista de 20 melhores deste ano de 2021.

Com ou sem surpresas, deixamos a lista dos 20 melhores. Acreditamos que muitos discos poderiam ter sido escolhidos, mas um dos fatores que pesa para esta escolha, as apresentações ao vivo, não aconteceram como todos pretendíamos. Aos que ficaram de fora, dentro da nossa linha editorial, acreditem que ficam igualmente nas nossas escolhas e ou no nosso coração.

Mais uma vez optamos por deixar de fora os EP’s lançados no ano de 2021, embora alguns tenham cativado a nossa atenção e som uma amostra a álbuns que o ano de 2022 promete trazer.

 

  1. The Happy Mess – “Jardim da parada”

Jardim da Parada“ é o álbum que celebra uma década de edições, e onde os The Happy Mess decidiram celebrar igualmente a língua portuguesa. Pela primeira vez, apresentam um álbum inteiramente em Português. Pela primeira vez, também, a voz principal é assumida por Miguel Ribeiro que, até aqui, partilhava a generalidade dos temas, primeiro com Joana Sequeira Duarte e Sara Badalo e, nos últimos anos, com Joana Espadinha.

 

  1. Rui Reininho – “20.000 Éguas Submarinas”

Rui Reininho tem tanto de próprio como de não comum, seja entre os vivos, como entre as lembranças dos mortos que nos marcaram…. Mas Reininho é um SENHOR… com letras maiúsculas… A viagem pelas “20.000 Éguas Submarinas” levou-o pelos confins dos mares já dantes navegados, a passo, trote, galope, mariposa e voo, como escape de corais profundos, mas não tão fundos quanto o exercício de libertação revelado.

 

  1. 10 000 Russos – “Super Inertia”

Superinertia” é uma lupa para um mundo que não se mexe… o mesmo no entanto não poderá ser dito em relação aos próprios 10 000 Russos… não só a sua própria música foi sempre cinética mas neste disco a adição do synth de Nils Meisel, vê a banda sonicamente localizar-se noutros territórios nunca antes alcançados.

 

  1. Atalaia Airlines – “Atalaia Airlines “

Entre a Calçada da Estrela e a Rua da Atalaia surgiu o projeto Atalaia Airlines. Afonso Sêrro, Humberto Dias e Pedro Puccini iniciaram trabalhos sob o mote inicial de homenagearem um local boémio que frequentam regularmente, o restaurante-bar, “o Avião”. Depois surgiu o disco com o dedo, ou melhor a mão da Cuca Monga… o resultado, uma viagem sonora pelas ideologias musicais mais boémias de uma Lisboa pincelada de cores.

 

  1. SAL – “Passo Forte”

Com origens, percursos e heranças musicais diferentes, e muitos quilómetros depois, os SAL preservam o melhor que a estrada lhe ofereceu enquanto elementos dos Diabo na Cruz. Foi aí que criaram uma química intensa e consolidaram uma forte amizade. “Passo Forte” surgiu da necessidade visceral de continuarmos a criar e a tocar ao vivo, e surgiu no pior cenário possível das nossas vidas, como um escape salvador.

 

  1. Perpetua – “Esperar Pra Ver”

“Esperar Pra Ver”, foi essa a sensação que nos assistia quando conhecemos os Perpetua. Canções simples, mas bem construídas, assentes na voz de Beatriz. Da simplicidade em palco, da destreza das canções, das letras em Português e da recuperação da obra de Carlos Paião, “Esperar Pra Ver”, o álbum editado no inicio deste complicado ano, dá a conhecer um quarteto de músicos que seguem na senda da valorização da música nacional…

 

  1. The Lemon Lovers – “Pretend that I Care”

“Pretend that I care”, um álbum que viaja ao futuro e que foi feito na óptica de alguém que sofre por antecipação e escreve sobre problemas antes de eles existirem, esperando com isso encontrar uma espécie de expiação.

 

  1. Homem em Catarse – “Sete Fontes”

A catarse precisa do seu trauma… há que primeiro preencher o corpo de fuligem para que a água a possa lavar, há que primeiro cansar os pés para, sentados, apreciar a paisagem. No teatro, na literatura ou na música, entendemos melhor a tragédia se a seguir encontrarmos redenção. Numa época em que aprendemos a soletrar palavras como “confinamento” ou “quarentena”, temos dado pouco espaço à catarse, no sentido libertário que esta acarreta. Parece que o tempo parou, que vivemos presos numa pausa interminável. Mais que a um novo normal, tudo soa a miséria antiga.

 

  1. Minta & The Brook Trout – “Demolition Derby”

Demolition Derby” é o quarto álbum de estúdio da banda e chegou no ano em que se assinalam 15 anos do início do projeto que deu origem a Minta & the Brook Trout, banda fundada por Francisca Cortesão (voz, guitarra eléctrica e acústica) e composta por Mariana Ricardo (baixo e voz), Margarida Campelo (piano, piano eléctrico, sintetizador e voz) e Tomás Sousa (bateria e voz).

 

  1. Conferência Inferno – “Ata Saturna”

Sem guitarra ou bateria, os Conferência Inferno alimentam-se da atitude punk, mas refugiam-se nas possibilidades infinitas da música eletrónica. Techno do espaço universal sem notas extras para contos de fadas ou ainda, pensamentos a direito ou pastilhas que explodem na cabeça, levam-nos por um a viagem sideral em “Ata Saturna

 

  1. David e Miguel – “Palavras Cruzadas”

A dupla “David & Miguel” está para a música como o queijo e a marmelada estão para a culinária… uma delícia pouco ortodoxa. E esta apetitosa parceria, estava marcado, que não se ficaria pelo sucesso do single “Interveniente Acidental” no disco de David Bruno. “Palavras Cruzadas” é um disco de temas românticos com muitas histórias de desencontros, amores, desamores, sofrimento e paixão à portuguesa.

 

  1. Basilda – “Keep on Dancing”

Ritmos quentes, alegria contagiante e viagens sonoras repletas de eletrónica… O primeiro álbum do coletivo anteriormente conhecido por Meera, é uma autêntica banda sonora para a celebração, onde a única norma é a ligação humana e a igualdade. “A pista de dança é onde estivermos” e para isso fica a máxima… “Keep on Dancing”.

 

  1. Joana Espadinha – “Ninguém nos Vai Tirar o Sol”

“Ninguém Nos Vai Tirar O Sol” é o terceiro disco de originais de Joana Espadinha. O álbum confirma o talento de Joana Espadinha enquanto escritora de canções, depois da aventura de “O Material Tem Sempre Razão” que a levou a ser disco do ano na Glam Magazine em 2018. Em 2021 e apesar do “Mau feitio”, a pop da Joana solidifica-se neste regresso às edições.

 

  1. Sean Riley & The Slowriders – “Life”

Life” é um disco que celebra a vida. São vidas vividas juntas e também um outro capítulo na vida da banda uma vez que é o primeiro disco de Slowriders gravado sem o Bruno. Um disco de histórias, sentimentos e emoções vividas. “Life” foi inicialmente imaginado como um disco solar, de guitarras e de canções longas que se instalassem sem grandes dinâmicas. Terminou a ser aquilo que tinha que ser por não fazer sentido ser de outra forma. Como a vida.

 

  1. Bateu Matou – “Chegou”

Bateu Matou é o encontro de 3 homens cheios de ritmo. Ivo Costa, RIOT e Quim Albergaria fazem canções com os ritmos de Lisboa e o resto está em “Chegou”. Os pulsos e os refrões da cidade feita de diferença, juntam-se no primeiro registo do trio a que se juntam vozes do panorama nacional para nos levar de novo a cantar e dançar juntos.

  

  1. Fogo Fogo – “Flada Fla”

A espera terminou… Os Fogo Fogo, projeto ímpar que celebra as influências e tradições de raiz lusófona, com origem na cultura musical cabo-verdiana finalmente lançaram o seu álbum de estreia, “Flada Fla”. “Fladu Fla” sugere-nos um olhar telúrico através de alguns costumes e expressões Cabo-verdianas. É o caso da canção que dá nome ao disco e que aborda o costume da maledicência e da perpetuação do boato, da notícia sensacionalista pouco fundamentada, talvez um reflexo do que se viveu nestes últimos tempos…

 

  1. Moullinex – “Requiem for Empathy”

Escrito durante um período de perda pessoal e incerteza, “Requiem for Empathy” é composto por paletas sonoras de índole mais pessoal e emotiva… As sombras surgem apenas na existência de uma fonte de luz. Luz essa que nos traz paz e conforto, como um mantra para escapar da nossa mente e corpo. Um conjunto de convidados de luxo deu a energia e a suavidade aos ritmos eletrónicos construídos e agrupados nesta palete de sons.

 

  1. Bruno Pernadas – “Private Reasons”

Pensado e desenhado como fecho de uma bela ideia de trilogia pop, “Private Reasons” pode igualmente ser a mais magnífica porta de entrada a que o universo musical de Bruno Pernadas podia aspirar. O disco é uma declaração imensa e definitiva da arte pop de Pernadas, onde mais uma vez somos convidados a viajar de alma cheia por um mundo de estilos musicais, geografias, imagens, vozes e espíritos, refazendo clássicos e vislumbrando o futuro, em que tudo parece construído com ambições de dimensão faraónica, querendo deixar um monumento no seu tempo, e no nosso.

 

  1. Cassete Pirata – “A Semente”

Com a pandemia como pano de fundo e a consequente paragem total da atividade cultural no país, Cassete Pirata recusou-se a cruzar os braços e é um exemplo de criatividade e resistência. 2021 foi o ano de consolidação do trabalho de Cassete Pirata. “A Semente”, plantada pelo disco de estreia, propõe um olhar sobre o momento em que vivemos enquanto civilização. Pela primeira vez, como espécie, temos uma percepção mais palpável de um certo precipício inerente ao nosso estilo de vida. Este tem trazido uma sensação de fim de linha, de doença lenta e invisível que a médio e longo prazo nos vai lembrando e concretizando a efemeridade da vida e do modo como a levamos.

 

  1. Pedro Mafama – “Por Este Rio Abaixo”

“Por Este Rio Abaixo” é um disco pejado de sonoridades lusitanas, pontuadas aqui e ali com um toque moderno e urbano, e onde as canções de Pedro abrangem uma universalidade sonora descontraída, mas envolvente. As canções contam histórias, musicam dramas e bebem no fado a tristeza que é complementada pela envolvência do próprio Pedro Mafama. Da Mafama ninguém livra o Pedro mas que as canções não são de mafama isso é uma realidade, irreverente e longe do banal e tradicional, no fundo, afirma-se como uma espécie de altifalante….

 

 

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