A Exposição Invisível… uma viagem sonora pelo séc. XX

A Exposição Invisível – apresentada de 26 de setembro a 10 de janeiro, na Culturgest, em Lisboa, com curadoria de Delfim Sardo – propõe uma viagem pelas diversas abordagens que os artistas visuais fizeram ao universo do som ao longo do último século.

 

Compreendendo obras históricas de autores como Kurt Schwitters, Raoul Hausmann, Marinetti ou Luigi Russolo, a exposição desenha um arco que passa por alguns dos nomes mais importantes da contemporaneidade artística internacional, como Joseph Beuys, Joan Jonas, Rodney Graham, Michael Snow ou Bruce Nauman, fazendo as suas peças conviver com obras de artistas portugueses de referência nesta área, como Luisa Cunha, Ricardo Jacinto, Julião Sarmento ou Pedro Tudela.

Longe de afirmar-se como uma retrospetiva da chamada “arte sonora”, A Exposição Invisível propõe um percurso por algumas das mais significativas obras de artistas que, não tendo no som o seu meio de expressão exclusivo, ou mesmo preferencial, a ele recorreram para propor ao espectador experiências que tomam a audição como sentido predominante.

 

Como seria de esperar, as vozes dos próprios artistas – o seu instrumento sonoro por excelência – têm aqui uma presença transversal: através delas estabelecem-se narrativas (The Anchor Stone, de Joan Jonas), exploram-se os limites da poesia (Poèmes Phonètiques, de Raoul Hausmann), comanda-se a imaginação (Tribu, de Julião Sarmento) ou prescrevem-se comportamentos (Luisa Cunha ou James Lee Byars).

Pese embora a constante presença da voz, a exposição oferece inúmeros outros momentos onde o som sai desse domínio para sublinhar a noção da passagem do tempo (One Million Years, de On Kawara), para sinalizar ações disruptivas ou insondáveis (Working Title (Digging), de Ceal Floyer, ou FlexoTan, de Pedro Tudela), para ouvir o futuro (Parsifal 1882-38.969.364.735, de Rodney Graham), para percorrer um espaço que não está lá (Escutura, de Laura Belém) ou para sentir os fantasmas que habitam as salas da Culturgest (Diplopias, de Ricardo Jacinto).

 

Em larga medida, esta exposição aparenta estar vazia. A sua visita comprova, contudo, que o som é o instrumento preferido da sinestesia, a ferramenta ideal da sugestão e dessa incrível capacidade que temos de transformar estímulos sonoros em gatilhos para a produção de imagens e de outras perceções somatizadas.

 

Photo: Vera Marmelo

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