50 anos depois… recordando o livro “A noite mais longa”

Na noite de 6 de setembro de 1968, as figuras mais importantes do Estado Novo dividiram-se por dois acontecimentos que tiveram lugar exatamente ao mesmo tempo, a poucos quilómetros um do outro. O primeiro foi um dos segredos mais bem guardados do país: no Hospital da Cruz Vermelha, António de Oliveira Salazar foi operado de urgência na sequência da queda de uma cadeira. O segundo foi um dos eventos mais noticiados do país: na sua quinta de Alcoitão, o milionário boliviano Antenor Patiño deu aquele que ficou conhecido como “o baile do século”. Foram treze horas intermináveis que misturaram o drama e a ostentação – e que marcaram o fim do salazarismo.

Através de documentos e depoimentos na sua maioria inéditos, o jornalista Miguel Pinheiro reconstitui com detalhes os episódios, os ambientes e os diálogos dos dois lados dessa noite. A data em que Salazar realmente caiu da cadeira, os pormenores do mês que o ditador passou em acelerada decadência física e o que de facto se passou dentro da sala de cirurgia. As polémicas da festa do Rei do Estanho, o impacto da chegada a Portugal de atrizes de Hollywood, de membros de famílias reais europeias e de alguns dos homens mais ricos da época e as histórias dos jornalistas que se disfarçaram de empregados para se conseguirem infiltrar num baile fortemente vigiado pela polícia e pela PIDE. Tudo se passou entre as 20 horas e as 9 da manhã. No começo da noite, Portugal era um país governado há 36 anos pelo mesmo homem. No final, era um país onde nada seria como dantes.

“A noite mais longa” foi editado originalmente em 2014 pela Esfera dos Livros. Em 2018 passam 50 anos desse acontecimento recuperado em livro por Miguel Pinheiro

 

Miguel Pinheiro é jornalista. Publicou outros 2 livros pela Esfera dos Livros: a biografia Sá Carneiro (2010) e, em coautoria com Gonçalo Bordalo Pinheiro, A Máquina do Poder – Os Bastidores dos Três Maiores Partidos Políticos em Campanha (2014). Durante nove anos, foi diretor da revista Sábado. Nasceu em 1974, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e começou a trabalhar em jornalismo no semanário O Diabo. Passou pelo diário A Capital, onde foi repórter e editor de política, sociedade e internacional. Foi diretor adjunto do jornal 24Horas. Colaborou com vários outros meios de comunicação social, nomeadamente com o Observador, O Independente, Maxmen e as revistas brasileiras República e Bravo!.

Foi comentador do programa Termómetro Político, da RTP Informação. Em 2001, recebeu o prémio Grande Reportagem atribuído pela revista Grande Reportagem.

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